Paciente grava médico cobrando R$ 1 mil para fazer cirurgia pelo SUS
14 de julho de 2019“Eu não vou botar a mão no útero de mulher desse tamanho por R$ 24,00”, diz médico ao se negar fazer operação pelo SUS.
O médico Ricardo da Fonseca Chauvet, de 57 anos, é suspeito de ter cobrado R$ 1 mil para retirar um pólipo do útero de uma paciente, de 25 anos, internada pelo SUS(Sistema Único de Saúde) na maternidade da Santa Casa de Corumbá, cidade a 419 quilômetros de Campo Grande. O pedido foi gravado em aúdio pela paciente, a estudante de direito Kerolaine Campelo dos Santos.
Kerolaine foi internada na unidade na manhã do dia 22 de abril após sentir fortes dores e sangramentos no útero. Por prescrição do médico, ela ficou internada na unidade até o dia seguinte para a realização de exames, mas só depois de um desmaio voltou a ser atendida pelo médico.
Segundo a estudante, Ricardo disse que a mulher estava de “frescura” e até fez insinuações sexuais durante um exame de toque. “Eu estava sentindo dores muito fortes e sangrando sem parar. Estava com medo de morrer e pedi para que ele fizesse alguma coisa. Foi então que ele me disse que me ajudaria, se eu ajudasse ele”, comentou a estudante.
De acordo com Kerolaine, enquanto estava sozinha no quarto Ricardo teria perguntado para ela se ela faria uma faxina na casa dele por R$ 24,00. “É isso que o Estado me paga pra operar você”, ele completou. O médico então informou que não faria a retirada do pólipo apenas por esse valor, e informou o preço que cobraria para fazer o procedimento.
“Quando meu marido chegou no hospital, pedimos orientação com um familiar sobre o que deveríamos fazer e decidimos gravar o pedido dele novamente”, diz. O casal então foi até a sala do médico e sem que ele soubesse que estavam gravando, pediu para que ele repetisse o quanto cobraria para fazer a operação, prática proibida pelo SUS.
Na gravação o médico fala que pode manter a paciente internada no hospital, mas que o pagamento da cirurgia teria de ser feito “em dinheiro, sem recibo e antecipado, tá? Isso te custaria mil reais, tá? Só que isso é ilegal, tá? Mas eu tenho duas opções: ou o ilegal ou eu não faço”, diz o médico.