Ela conseguiu decisão judicial que concedeu o pedido de tutela antecipada e finalmente fez a matrícula para estudar Direito – na sexta-feira (14) – depois de ter sido aprovada em primeira chamada. Foi representada pela advogada Ana Carla Brum e Adriano Magno de Oliveira, que não cobraram pelo trabalho.
Exclusão – Aline utilizou a auto declaração, uma das etapas para candidatos que utilizam cotas raciais, e teve o pedido negado pela UFMS mesmo depois de tentar recorrer. A mãe, Ana Rosa Medina, contou que a filha acredita ter sido excluída porque alisou o cabelo crespo, em procedimento conhecido como “escova progressiva”, fator, na opinião da família, que foi considerado pela banca avaliadora para negar o ingresso por meio de cotas.
A negativa veio com surpresa e revolta, contou a mãe, porque na família ninguém tem dúvidas sobre a própria identidade. “Quando ela entrou eles olharam, perguntaram para ela se ela tinha feito algum processo no cabelo, ela disse que tinha feito alisamento, ela tem progressiva, ele olhou pra ela, só falou isso e não falou mais nada”.
“Ela estava sendo acompanaha pelo irmão, quando saiu ela já me ligo muito triste: ‘mãe, só do jeito que me olharam’, falei: ‘não filha, calma, você não vai perder’. Toda menina quer alisar, o meu marido é pardo e eu sou ainda mais escura que ele”, contou Ana.
Aline sempre estudou em escola pública porque a família não tem condições de pagar o preço cobrado pelas escolas particulares, que no Brasil oferecem ensino mais rígido nos ensinos fundamental e médio.
Aline sonha um dia entrar para a PF (Polícia Federal) e a mãe relata que ela sempre foi dedicada aos estudos, ao ponto de não ter muitos divertimentos. A família recorria a quem podia para que ela conseguisse mais ajuda com o conteúdo escolar.