Covid: Estudo comprova que cloroquina aumenta problemas gastrointestinais
1 de setembro de 2021Estudo publicado por cientistas brasileiros confirma que o uso da hidroxicloroquina não auxilia em nada no tratamento da covid-19. Mais que isso: com base em 33 artigos e 14 estudos publicados entre janeiro de 2020 e maio de 2021 sobre o tema, os pesquisadores apontam que, além de ineficaz, o medicamento —defendido pelo presidente Jair Bolsonaro no “tratamento precoce”— teve mais do que o dobro de problemas adversos, especialmente os gastrointestinais.
A pesquisa foi publicada na The Lancet, uma das mais renomadas revistas científicas no mundo, e apontou que a droga não teve benefício quando usada como profilaxia, em pacientes em casa ou casos hospitalizados. Segundo o estudo, quando analisados todos os dados, houve um aumento de 38% no risco de eventos adversos e de 145% para sintomas gastrointestinais nos pacientes. “Acabamos verificando um risco aumentado de eventos adversos gastrointestinais associados ao medicamento”, confirma o pesquisador que coordenou o estudo, Paulo Martins-Filho, da UFS (Universidade Federal de Sergipe). Entretanto, segundo ele, “felizmente, não houve registro de casos de arritmia ou morte, nem um aumento do risco de reações neurológicas advindas do uso da hidroxicloroquina”. Foram analisados ensaios clínicos randomizados, duplo cego e controlados por placebo publicados até o momento para chegar a essa conclusão. De acordo com a análise, assinada por cinco pesquisadores, “as evidências disponíveis com base nos resultados de estudo duplo cego e controlados por placebo não mostraram benefícios clínicos da hidroxicloroquina como profilaxia pré e pós-exposição e tratamento de pacientes não hospitalizados e hospitalizados com covid-19”. “Esses achados indicam que a hidroxicloroquina, apesar de ineficaz contra covid-19, é segura sob condições controladas”, diz Martins-Filho.
Para ele, não restam mais dúvidas que a hidroxicloroquina não funciona e deve ser abandonada para qualquer tipo de tratamento contra a covid-19. “Nossa meta-análise não mostrou uma diminuição do risco de desenvolvimento da doença quando a hidroxicloroquina foi utilizada de forma profilática e não verificou benefícios clínicos quando prescrita para pacientes com diversos graus de severidade da covid-19”, afirmou. “Os resultados desse estudo acabam confirmando que não existem evidências que suportem o uso da hidroxicloroquina para prevenção e tratamento da covid-19”, finaliza.
Fonte: UOL