Policiais de MS são presos por vender ‘celas de luxo’ com churrasco, uísque e celular a internos

Policiais de MS são presos por vender ‘celas de luxo’ com churrasco, uísque e celular a internos

6 de janeiro de 2022 0 Por meums
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Cinco policiais penais lotados no Presídio Ricardo Brandão, em Ponta Porã (MS), município que fica na fronteira com o Paraguai, foram presos nesta quinta-feira (06). Os servidores são suspeitos de vender “celas de luxo”, bebidas alcoólicas e regalias aos internos. Além do intermédio às facilitações, os policiais são suspeitos de ao menos 19 crimes relacionados à corrupção e cooperação de fuga.

A Agência Estadual de Administração Penitenciária (Agepen) informou que “já havia adotado medidas administrativas cabíveis, com afastamento dos envolvidos do trabalho na unidade penal, desde a identificação das condutas irregulares”.

Vídeos e fotos mostram fuga de dois detentos, entrada de bebidas na unidade e ainda ‘regalias’. No primeiro, presidiários supostamente rendem uma servidora e saem pela porta da frente. A servidora não é alvo da investigação, mas responde a procedimento administrativo. Foram cumpridos também cinco mandados de busca e apreensão contra os servidores.

Em outras imagens, uma caminhonete entra carregada de bebidas na unidade penal. Um servidor abre e fecha o portão e quatro pessoas retiram a mercadoria. Tal carregamento, segundo apurado pelo Dracco, era levado a cada dois ou três meses para a unidade de segurança média de regime fechado.

Vídeo mostra fuga de dois detentos pela porta da frente de presídio de MS

Caminhonete deixa carregamento de bebidas alcoólicas em presídio de MS

De acordo com investigação do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), os policiais penais teriam:

  • facilitado a fuga de dois presos, pela porta da frente da unidade, no dia 2 de julho de 2021;
  • vendido bebidas alcoólicas, de uísque à pinga;
  • cobrado para deixar detentos em celas especiais com móveis planejados, forro, banheiro com chuveiro elétrico e piso;
  • permitido a entrada de celulares, com propina de R$ 700 a R$ 1,3 mil, dependendo do modelo e se era ‘completo’: com fone e carregador;
  • cobrado propina para manter preso no trabalho e, quando ele não tinha mais em espécie, tirado a aliança dele de casamento;
  • consertado carros particulares na oficina do presídio;
  • permitido entrada de drogas.

 

Cela 'especial' até com móveis planejados — Foto: Dracco/Polícia Civil

Cela ‘especial’ até com móveis planejados — Foto: Dracco/Polícia Civil

Chuveiro elétrico e azulejo no banheiro da cela — Foto: Dracoo/Divulgação

Os policiais penais passaram a ser investigados após a fuga e também apreensão de bebidas pela própria Agepen, a pedido da Corregedoria do órgão. Com isso, foram verificadas as demais situações.

Os servidores presos exerciam cargos “estrategicamente relevantes” no presídio. O ex-diretor, de acordo com a polícia, é apontado como o chefe. Há ainda o que trabalhava como chefe de disciplina, de segurança e de equipe.

Dinheiro apreendido — Foto: Dracco/Divulgação

Dinheiro apreendido — Foto: Dracco/Divulgação

A investigação do Dracoo apurou que nas ‘celas especiais’ que os detentos pagavam para ficar, não eram permitidas revistas.

Todos os presos foram levados para o Centro de Triagem, em Campo Grande. A prisão é temporária e vale por cinco dias.

A operação leva o nome de La Catedral, em alusão ao presídio construído por Pablo Escobar, que tinha luxos e mordomias.


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