Gargalo histórico, qualificação deixa de ser problema com Escola da Construção
19 de julho de 2017No próximo dia 27 de julho, o presidente da Fiems, Sérgio Longen, vai inaugurar, em Campo Grande a Escola Senai da Construção e, para mostrar a importância do segmento para a economia do Estado, inicia nesta quarta-feira uma série de reportagens especiais, abordando os gargalos da indústria e também mostrando o que vai mudar com a chegada dessa nova unidade voltada exclusivamente para a qualificação profissional, englobando todas as etapas de uma obra, desde a fundação até o acabamento.
Conhecimento passado de pai para filho e, na maioria das vezes, herdado do avô. Essa situação é mais do que comum na indústria da construção civil e evidencia um gargalo histórico do segmento: mão-de-obra tecnicamente deficiente, carente de qualificação e especialização. Quem representa os empresários da construção civil no Estado garante: é hora de mudar essa cultura e prezar pela capacitação técnica em nome do aquecimento do segmento e, consequentemente, da valorização da mão-de-obra envolvida.
“Falta de qualificação é um gargalo em nível nacional, que levará muito tempo para ser solucionado. Mas já é possível começar a perceber uma mudança de postura por parte dos profissionais do segmento, que esbarram na necessidade de trabalhar com materiais e técnicas cada vez mais modernos. Infelizmente, o mercado ainda conta com profissionais que priorizam o fácil ao correto, que fazem com que os gastos com correções pós-obra subam consideravelmente. Mas, aos poucos, esses profissionais perderão espaço e darão lugar àqueles tecnificados, que investiram em qualificação, que entendem a importância de processos feitos corretamente, mesmo que demorem mais”, detalhou o presidente do Sinduscon/MS (Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção do Estado de Mato Grosso do Sul), Amarildo Miranda Melo.
O representante dos empresários do segmento moveleiro no Estado, Juarez Falcão Alves, adota discurso parecido. “Os tempos são outros e é cada vez mais difícil depender de mão-de-obra formada empiricamente. Entre os filiados do Sindimad/MS (Sindicato Intermunicipal da Indústria de Móveis em Geral), que eu presido, é consenso a necessidade de aprimoramento, tanto do empresário na gestão do negócio, quanto do funcionário no desenvolvimento das atividades técnicas, da produção propriamente dita”, pontuou.
Outro ponto em que os empresários concordam é que a guinada está prestes a acontecer, pois, no próximo dia 27 de julho, às 8h30, será inaugurada a Escola Senai da Construção, em Campo Grande (MS). A megaestrutura localizada na esquina da Avenida Rachid Neder com a Rua Caxias do Sul, no Bairro Coronel Antonino, terá condições de oferecer desde cursos de aperfeiçoamento até cursos de graduação, de acordo com a demanda identificada pelo mercado, nos segmentos da movelaria e da construção civil.
“A Escola Senai da Construção vem para sanar esse problema histórico. As construtoras, as indústrias da construção civil, têm encontrado grande dificuldade de mudar a cultura dos profissionais que trabalham há anos dessa forma, com conhecimento adquirido empiricamente, sem o conhecimento técnico, muitas vezes com vícios adquiridos previamente. Não é raro encontrar, por exemplo, pessoas manuseando produtos químicos sem EPI (Equipamento de Proteção Individual), colocando em risco a segurança própria e de terceiros”, declarou o gerente da Escola Senai da Construção, Roger Benites.
Ele ressalta ainda que, mesmo antes da inauguração, a Escola Senai da Construção já vem sendo procurada por profissionais com formação superior com intenção de complementar o conhecimento. “As universidades tendem a focar no ensino teórico, enquanto a metodologia do Senai preza por ter de 60% a 80% da carga horária prática. Então no segmento da construção civil, em que um engenheiro ou arquiteto precisam coordenar equipes, é interessante adquirir essa prática”, detalhou.
Para o presidente do Crea-MS (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Mato Grosso do Sul), Dirson Artur Freitag, a Escola Senai da Construção vai preencher uma grande lacuna existente no mercado. “Quando um engenheiro elabora um bom projeto, ele espera uma boa execução. Não raro, profissionais deixam de utilizar materiais e técnicas de última geração por não existir mão-de-obra qualificada que consiga executar. Por isso é de extrema importância que lá na ponta, na execução, tenha profissionais qualificados”, pontuou.
Para Amarildo Miranda Melo, o mercado está mais do que preparado para absorver os novos profissionais que serão formados pela Escola Senai da Construção. “A pessoa qualificada não fica parada em hipótese alguma. Esses profissionais são disputados aos gritos pelas construtoras e conseguem, impreterivelmente, agregar valor ao serviço oferecido”, justificou.
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