Morre Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU e Nobel da Paz
18 de agosto de 2018Morreu neste sábado (18), aos 80 anos, Kofi Annan, ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e Prêmio Nobel da Paz.
Annan, de nacionalidade ganense, morreu durante esta madrugada em um hospital em Berna, na Suíça, informou a fundação Kofi Annan nas redes sociais.
O atual secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, escolhido por Annan para chefiar a agência de refugiados da organização, conta em um comunicado o que ele representava para as Nações Unidas.
“De muitas maneiras, Kofi Annan era as Nações Unidas. Ele subiu nas hierarquias para liderar a organização no novo milênio com inigualável dignidade e determinação ”, disse.
Trajetória
Economista, educado nos Estados Unidos e na Suíça, no comando da ONU tratou de temas até então considerados periféricos: a pobreza, o drama dos refugiados, o subdesenvolvimento e a aids.
Kofi Annan foi o primeiro negro a assumir o cargo de chefe da ONU, onde ficou por dois mandatos, de 1997 a 2006.
Em 2001, ele e as Nações Unidas receberam em conjunto o Prêmio Nobel da Paz. Annan foi elogiado por ser “preeminente em trazer vida nova para a organização”.
Durante a sua gestão na ONU, o ex-secretário e seu departamento foram criticados por retirarem as tropas de manutenção da paz de Ruanda em pleno caos e violência étnica, em 1995. No ano seguinte, a organização também não conseguiu impedir que as forças sérvias matassem milhares de muçulmanos em Srebrenica, na Bósnia.
Anos depois, no 10º aniversário do genocídio, Annan reconheceu suas falhas. “Na época, acreditei que estava dando o melhor de mim. Mas eu percebi depois do genocídio que havia mais que eu poderia, e deveria ter feito, para soar o alarme e apoio. Essa memória junto com a da Bósnia, é dolorosa, influenciou muito do meu pensamento, e muito das minhas ações, como secretário-geral”, disse ele em 2004.
Em sua entrevista de despedida das Nações Unidas, ele contou que a invasão dos Estados Unidos ao Iraque em 2003 foi um de seus piores momentos no cargo.
“O pior momento foi a guerra do Iraque que, como organização, não pudemos deter embora tenhamos feito tudo para isto”, disse.
Legado pós ONU
No ano de 2007, ele criou a Fundação Kofi Annan, onde mobilizou a vontade política para superar as ameaças à paz, ao desenvolvimento e aos direitos humanos. No mesmo período, ele se juntou ao grupo de elite de ex-líderes fundados por Nelson Mandela, conhecido como The Elders, o objetivo era resolver a guerra civil na Síria.
Posteriormente, Annan serviu como enviado especial da ONU na Síria, e liderou esforços para encontrar uma solução pacífica para o conflito.
Annan voltou sua atenção para o futuro, estabelecendo os Objetivos do Milênio, um conjunto de metas a serem cumpridas até 2015, de reduzir à metade as taxas de pobreza extrema para deter a disseminação da aids.
Outro momento marcante na luta de Annan pelos diretos humanos foi o acordo do Quênia, em 2008. Naquele momento, o país enfrentava uma grave crise política e social e o ex-secretário foi o mediador entre o governo e a oposição.