Engenharia Civil recebe maior autoridade em concreto armado do país
25 de março de 2019Se cursar engenharia civil já não é fácil, imagina no tempo em que os autores tratavam a área com uma linguagem complexa e sem preocupação com o entendimento do aluno? Manoel Henrique Campos Botelho decidiu mudar essa realidade e escrever para quem queria aprender mais. Lançou, na década de 1980, o livro experimental ‘Concreto, eu te amo’, um manual para profissionais da área, simplificando a famosa área de cálculo estrutural.
A Unigran recebeu o escritor, durante a Semana Acadêmica de Engenharia Civil 2019. Durante o bate-papo com os estudantes, Botelho disse que seus maiores incentivadores da profissão foram os professores. “Eu estudei com alguns excelentes professores, eles me marcaram profundamente com a maneira deles se dedicarem e pela maneira de ensinar”, menciona.
Na época da faculdade, o engenheiro civil lembra que as aulas terminavam em dezembro e só retornavam em março. Durante este período, quem quer ser engenheiro, não devia ficar ocioso. “O estágio é ver a vida. Eu tive estágios em vários locais, aprendi e vi muitas coisas que jamais eu veria fora, os bons professores se orgulhavam de arrumar estágio para os alunos, a figura do professor é sempre marcante e o estágio é muito importante”, ressalta.
Sobre os livros de engenharia, Manoel Botelho, que é considerado a maior autoridade em concreto armado do país, afirma que há um problema no Brasil: “hoje os autores de livros não escrevem para os alunos, escrevem para demonstrar o seu saber. Eu tomei a decisão de ensinar diferente, como eu gosto de comunicação e já tinha uma experiência profissional, chamei um colega, Osvaldemar Marchetti, que é coautor do livro e escrevemos um livro sobre a prática, foi um sucesso, já vendemos 80 mil exemplares”, menciona. O escritor ressaltou que tem os que são apaixonados pela matemática, assim como os que têm dificuldades. O autor de livros da área tem que atender os dois grupos.
A Unigran tem feito diversos investimentos em laboratório, o que interfere e influencia muito na formação acadêmica, de acordo com o engenheiro civil. “É tudo [a estrutura]. […] O aluno precisa saber que a vida e a engenharia são cheias de variáveis. Com a experiência de existência de concreto no laboratório, o aluno vai ter uma quantidade enorme de resultados e a partir desses resultados você vai ter que extrair alguns valores. O laboratório mostra claramente a realidade das coisas, as grandes experiências da física nasceram em laboratórios rudimentares, uma das mais famosas experiências que existiu da história da humanidade, foi a questão se os corpos caem com a mesma velocidade”, cita Botelho.
Engenheiro Civil formado em 1965, na Escola Politécnica da USP, Manoel Botelho trabalhou como engenheiro projetista nos setores de saneamento e projetos industriais e ainda gerencia projetos para a Sabesp (SP), Cedag (Rio de Janeiro) e entidades municipais. Para os novos profissionais ele enfatiza: “primeiro melhorar o inglês, isso abre horizontes comerciais, procure estudar, observar e evoluir, fazer cursos, não basta se formar na faculdade, curso de oratória, de tecnologia, vestir-se bem, ter bom português. Além de participar bastante da vida associativa, da vida política, procurar ler bastante, com a internet tudo se tornou mais fácil”.