A resiliência da criança é aprendida, não é inata.

A resiliência da criança é aprendida, não é inata.

9 de setembro de 2020 0 Por redacao
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Nos esforçamos para atender as expectativas de quem? Dostoievski definiu o ser humano como o ser que a tudo se habitua. Mas como seres humanos damos conta de tudo? A vida não para de nos testar, nos testa de muitas maneiras, pois possuímos sangue e alma. O impacto das nossas experiências de vida na infância se faz notar por muitos anos no nosso comportamento. Nossas experiências de vida configuram o que somos, e ao contrário do que se pensa, crianças não são mais resilientes e sim, mais vulneráveis a traumas que os adultos. 

Resiliência é a capacidade de se adaptar às mudanças, de se recuperar das situações de crise e aprender com elas. O cérebro em desenvolvimento é mais maleável e mais sensível às experiências boas e ruins no início da vida. Por isso as crianças aprendem tão rápido a falar, habilidades motoras e comportamentos sociais. Mesmo no útero e após o nascimento, nosso cérebro processa os sinais enviados por nossos sentidos. Imagens, sons, toques, cheiros e sabores, que resultam todos em sensações. As emoções negativas são mais memoráveis que as positivas, porque relembrar o que nos ameaçou e evitar a mesma situação no futuro, é fundamental para a nossa sobrevivência.  

Podemos ensinar a criança a ter mais amor por ela mesma, pelo o que ela é.  Eu vejo muitas delas se cobrando e se criticando demais, para quê? Da mesma maneira que ensinamos a criança a ter amor e respeito pelo outro, também precisamos ensiná-la a ter por ela mesma.    

Nosso cérebro precisa desenvolver a capacidade de criar e manter relacionamentos, porque somos espécimes sociais, por isso somos tão sensíveis às expressões, aos gestos e aos humores do outro.  É preciso reconhecer a força dos relacionamentos e dos sinais relacionais para a eficácia da educação, da instrução e do empenho humano. Os relacionamentos são importantes e a moeda de troca sistêmica é a confiança, e só há confiança se as relações forem saudáveis, com colaboração e respeito. 

Criança precisa de previsibilidade, de rotina e de relacionamentos estáveis com os adultos que as cercam, com humor, dando um sentido a sua existência e ao que nela acontece, isso demanda tempo, encontro, afeto e reflexão. A educação é um processo que requer paciência. Estamos percebendo em época de pandemia, que pais, médicos e professores tem em comum a falta de poder, é preciso então esperança, dar folga à nossa onipotência e seguir, para sobreviver, para viver bem. Vamos prestar mais atenção às crianças. Pouco podemos fazer para mudar os genes, o temperamento e a velocidade de processamento do cérebro de uma criança, mas podemos fazer a diferença quanto aos cuidados que temos com elas e ao ambiente social em que vivem. 

Denise Caramori

Psicopedagoga/Terapeuta

Psicopedagoga/ Equoterapeuta

denicaramori@hotmail.com     


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