Acusado de assassinar delegado em MS chora, diz que é inocente e fugiu para não ‘apanhar da polícia’
15 de agosto de 2018José Moreira Freires, réu pela morte do delegado de Polícia Civil aposentado, Paulo Magalhães, em 2013, chorou em alguns instantes e negou todas as acusações durante julgamento nesta quarta-feira (15), no Fórum de Campo Grande. A polícia ouviu 31 testemunhassobre o caso.
Questionado, o guarda municipal ressaltou estar trabalhando no dia dos fatos, além de ficar sabendo do crime pela imprensa e que somente não se entregou para a polícia, na época dos fatos, por temer a própria vida, mesmo sendo inocente.
“Eu sabia apenas de PEC’s que o delegado encabeçava e que era advogado. As outras coisas sobre ele só fiquei sabendo pela mídia depois. No dia, estava fazendo o translado de uma casa no bairro Chácara Cachoeira até o hospital onde atuava como segurança”, afirmou.
Conforme Freires, ele estava monitorando o imóvel do seu patrão na época, que passava por reformas. Além disso, o acusado disse que era responsável por montar a equipe de portaria deste imóvel.
Desconhecido o abordou
No outro dia, ele cumpria escala de plantão como guarda municipal e abandonou o plantão, conforme a investigação. Freire garantiu que a fuga ocorreu porque ele foi “alertado por um desconhecido”.
“Essa pessoa, que eu nunca tinha visto antes, foi lá no meu trabalho e disse que uma pessoa estava me acusando de matar o delegado. Eu entrei em parafuso e, quando as senhoras da limpeza foram embora, pensei que não ia pagar pra ver se a história era verdade e fui embora”, contou Freires.
O próximo passo foi pegar a motocicleta dele e seguir para a chácara onde morava com a família, localizada a 10 km do endereço do serviço, ainda segundo o acusado.
“No caminho eu encontrei o Diogo, que é um outro guarda municipal que trabalhava comigo. Eu pedi a ele para tirar o restante do meu plantão. Já em casa, deixei R$ 700 com meu filho e pedi a ele para pagar a prestação de um carro nosso, pois iria me ausentar por alguns dias”, falou.
Em seguida, o guarda organizou uma mochila com roupas e novamente passou no trabalho. “Eu tinha preenchido uma ficha no trabalho e faltou responder algo. Então, fiz o erro de voltar lá e terminar de preencher, com medo de responder a um procedimento administrativo depois”, explicou.
O próximo destino foi o serviço da esposa, conforme Freires. “Eu disse a ela: Nega, estou com um problema para resolver, mas eu te mando notícias. Depois, fiquei escondido na casa de uma pessoa, na região central da cidade”, garantiu.
Ao saber do noticiário, ele conta que contou para a pessoa o que estava ocorrendo. “Eu falei que tinha brigado com minha esposa, mas, depois disse que fui pra lá porque estavam me acusando de um crime. A gente sabe o que eles (polícia) fazem quando matam um ente deles, por isso não me entreguei. Não queria apanhar de manhã, no almoço e de tarde”, afirmou.
Logo depois, houve as prisões. Ao juiz criminal Aluízio dos Santos, ele comentou que jamais contou estar versão por não ter tido oportunidade. “A polícia já chegou com um roteiro, me mandando confessar o crime e foi por isso que eu não falei nada. Sobre meu patrimônio, tudo é fruto de um casamento estável de 20 anos”, emendou.
Crime
O delegado aposentado estava no carro dele esperando a filha sair da escola quando foi executado a tiros. Ele atuava ainda como advogado, professor acadêmico e articulista. No dia dia 25 de junho, foi executado a tiros. Ele era polêmico, mantinha um site de denúncias e atuava ainda como advogado, professor acadêmico e articulista.
O Ministério Público Estadual (MPE-MS) quer a condenação por homicídio qualificado por motivo torpe e sem chance de defesa. Um terceiro homem que estaria envolvido no crime foi encontrado morto logo depois do caso, tendo o corpo incendiado.