Barragem da Vale em MS, com potencial de dano médio e alto, passará por fiscalização
29 de janeiro de 2019Mato Grosso do Sul tem 19 estruturas de rejeitos de minério, 10 estão em atividade e todas ficam em Corumbá, na região dos morros Urucum e Santa Cruz, a cerca de 20 quilômetros do centro da cidade.
A maior estrutura é a barragem do Gregório, controlada pela Vale. Gregório tem capacidade de quase 9 milhões de metros cúbicos, um volume 30% menor que a barragem de Brumadinho (MG).
A barragem do Gregório é classificada com potencial de dano entre médio e alto pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Foi classificada desta forma porque as estruturas estão próximas a assentamentos rurais e porque vazamentos podem levar rejeitos ao Pantanal.
O Governo do Estado prometeu fazer pente-fino nas barragens de MS. A região oeste do estado tem a terceira maior reserva de ferro e a segunda maior reserva de manganês do país.
A Defesa Civil de Corumbá, afirma, que desde 2015, monitora e mapeia as famílias que vivem ao redor das barragens. Na área do Gregório, em 2018, a população chegou a participar de uma simulação para possíveis evacuações em caso de acidentes.
Compromisso
O Governo do Estado, por meio do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), coordenará o trabalho de fiscalização das barragens de rejeitos de minério de ferro em Corumbá, a partir desta terça-feira (29/1). Trata-se de uma ação preventiva para que se tenha de fato a garantia de segurança das mesmas, considerando os impactos humanos e ambientais causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho (MG).
“O Estado quer ter essa segurança em relação às barragens de Corumbá, onde três das dez em atividades são de alto risco, para certificarmos de que não corremos nenhum risco de um acidente de grandes proporções”, afirmou o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck. “A vistoria vai tranquilizar o Estado, a empresa e principalmente a comunidade que vive no local”, frisou.
Verruck participou de uma reunião nesta segunda-feira (28) entre os órgãos federais e estaduais que farão a vistoria, na sede do Imasul. Ficou decidido que o grupo de trabalho, que inclui oIbama, Bombeiros, ANM (Agência Nacional de Mineração), Defesa Civil, Sudeco, Polícia Militar Ambiental (PMA) e Corpo de Bombeiros, inicialmente se reunirá amanhã (29) com as mineradoras Vale, MMX e Vetorial para conhecer os planos de monitoramento das barragens.
“A grande preocupação hoje é a segurança dessas barragens e, num primeiro momento, vamos ouvir as mineradoras para conhecermos a situação atual, as condições de monitoramento, o que de fato está sendo feito para garantir um controle rigoroso e o plano de gerenciamento de risco”, explicou o secretário.
Critérios de controle
A reunião no Imasul, coordenada pelo seu diretor-presidente, Ricardo Eboli, definiu que é preciso também preparar e capacitar equipes dos Bombeiros e Defesa Civil para atuarem em casos extremos. “As barragens são periodicamente vistoriadas, inclusive houve uma simulação de risco no final de 2018, mas a preocupação vai além disso”, disse Eboli. “Queremos saber quais são esses critérios de controle das mineradoras, como funciona o sistema de segurança.”
O foco da vistoria na Morraria do Urucum, onde situa-se a reserva de minério de ferro e manganês, que deve ocorrer nos dias 30 e 31, é a Barragem de Gregório, que tem capacidade similar à de Brumadinho e pertence à Vale – 9,3 milhões de m³, enquanto a de Minas Gerais, 12 milhões de m³. Técnicos da ANM presentes à reunião informaram que o depósito de rejeitos não atinge a capacidade máxima da barragem, considerada de dano potencial alto.