Ciúme camuflado
5 de setembro de 2018Por Jackeline de Lara*
As pessoas têm dificuldade em expor os sentimentos, que é visto atualmente, como fraqueza, e, quando o assunto é ciúme, é quando tudo fica mais complicado. Ninguém gosta do título de possessiva (o), o que remete a imagem de alguém inseguro, fraco, desajustado, egoísta, e o que me vem à mente é que não conheci até hoje, um relacionamento que esteja livre desse mal.
Tão comum casais que se dizem modernos, desapegados, e que confiam um no outro, algo lindo, digno de um cartão postal, não viverem o que demonstram na prática, de longe é lindo de se ver, mas com a aproximação, podemos logo observar, que não há veracidade na imagem que tentam passar, inclusive para eles próprios. Julgam-se desprendidos, seguros, mas um ou outro, e às vezes até os dois, articulam a todo tempo, para viverem “grudados”, vivem um ciúme camuflado, sem se dar conta disto.
Uma forma sutil de “manter o controle”, muito usado por mulheres, é quando trabalham fora, sabotar qualquer oportunidade do esposo crescer profissionalmente. Elas os colocam para cuidar dos filhos, trabalhos domésticos, sempre com elas ao lado, ou ficam ligando para acompanhá-las em atividades que poderiam realizar sozinhas, tirando-os do trabalho, ou atrasando-os, e elas sabem muito bem, que essas atitudes, atrapalham com excelência o crescimento de seus companheiros.
Já o homem, quando percebe que a mulher é difícil de manipular, ele usa os filhos para alcançar seus objetivos e colocar essa mulher rebelde na “linha”. Normalmente homens com esse perfil, amam expor a falta de “eficiência” de suas esposas no zelo com a casa, o que os obriga a fazerem os reparos, no serviço mal feito delas. Adoram postar fotos, com os filhos em shopping, cinemas, igrejas, festa da escola, sempre em dias, em que a companheira não pode estar presente.
Nas duas situações, esses homens e mulheres ciumentos, negam com veemência, o inegável. Ela afirma que ele é dependente dela, que odeia, mas é obrigada a fazer o papel de cuidadora. Ele da mesma forma, diz que as atitudes infantis dela, o obriga a ser tão controlador, já que uma família tem que ter ao menos um responsável, pois pelo contrário como ficariam os filhos.
Na verdade, são pessoas doentes, que precisam de ajuda, e infelizmente, acabam por adoecer não somente seus companheiros, mas até mesmo os próprios filhos. E esse tipo de ciúmes, é o pior, pois os que foram acometidos não aceitam, são orgulhosos demais para isso, se julgam vítimas de companheiros (as) irresponsáveis, que precisam desses super heróis e super heroínas, pois sozinhos, não têm condições de sobreviverem.
Para os ciumentos, psicólogos, terapias, psiquiatras, para as vítimas, algumas vezes a única saída é o distanciamento, e da mesma forma, tratamentos visto que normalmente levarão consigo traumas, desajustes, causados pela pressão de conviver com um (a) controlador (a), que pode até matar, é o que mais estamos vivenciando nos últimos dias.
A falta de conhecimento, leis brandas, uma estrutura doentia do nosso sistema que não abrange situações abusivas entre pessoas, não deste nível aqui exposto, homens e mulheres passam a vida nessas cadeias invisíveis, sem ao menos saberem que estão presos. Ninguém deveria se submeter à uma vida sem liberdade, é muito triste, mas há uma luz no fim do túnel, com o advento das redes sociais, mesmo sem buscar, há disponível á todo tempo, links, posts, que são capazes de levarem muitas e muitos à reflexão, e então, tornarem-se pelo menos, cientes de que o que vivem é violência, e posteriormente, escolherem em que situações pretendem continuar o próprio caminho, mesmo que seja, o que sempre esteve.
* Jackeline de Lara, graduada em Pedagogia, especialista em Educação Especial e em Educacão Infantil e Séries Iniciais, proprietária do Espaço Kids. Casada e mãe de duas lindas filhas.