Com talento colossal, Kobe Bryant foi o símbolo maior de uma era em que a NBA dominou o mundo
27 de janeiro de 2020Astro dos Lakers, que morreu no domingo na queda de um helicóptero, não foi o maior ou o melhor, mas foi o 1º grande ídolo de massa do basquete globalizado em tempos de internet
Michael Jordan ocupa, com justiça, o topo do olimpo. Mas sua carreira, de 1994 a 2003, viveu o auge em um período pré-internet, antes das redes sociais. Jordan foi gigante globalmente, mas antes dos memes, dos vídeos curtos, da arte de se tornar viral. Kobe, além de ter abraçado com classe inigualável a missão de ocupar o vácuo deixado por Jordan como dono da NBA, brilhou em escala global. Seus jogos já eram transmitidos para todo o planeta, seus lances já ecoavam pelo Twitter, pelo Facebook, pelo Instagram, pelo Whatsapp.
No Brasil, por exemplo, é incontável o número de garotos e garotas que começaram acompanhar o esporte por causa de Bryant. O fato de defender uma das franquias mais tradicionais da história também ajudou, claro. O Los Angeles Lakers é uma fábrica de lendas desde os anos 60: Jerry West, Wilt Chamberlain, Kareem Abdul-Jabbar, Magic Johnson, Shaquille O’Neal… até LeBron James passou a vestir roxo e dourado. Formados ou não em Los Angeles, alguns dos maiores nomes da história da bola laranja brilharam no time mais hollywoodiano do mundo. Não por acaso, a entrada do ginásio Staples Centers é lotada de estátuas, que atraem turistas e fãs do basquete, seja em dia de jogo ou até fora da temporada.
Kobe foi um mestre no meio desse caldeirão de mestres. Catequizou jovens torcedores, inclusive no Brasil, onde acumulou um séquito de fãs enquanto esteve em quadra. Pontuou essa trajetória com dois elementos fundamentais para a construção de uma lenda: um talento colossal e o espírito competitivo extremo que lhe rendeu o apelido de Black Mamba, em alusão à cobra dos botes certeiros. Foi assim desde a estreia contra o Minnesota Timberwolves, quando não fez nenhum ponto, até a despedida contra o Utah Jazz, quando fez incríveis 60.
Fora da quadra, Kobe visitou extremos. Em 2003, foi acusado de abusar sexualmente de uma camareira de hotel de 19 anos, num caso em que o jogador passou praticamente incólume na esfera jurídica, com um pedido de desculpas público e um anel milionário de presente para a esposa como pedido de desculpas pela traição. Ignorar este fato seria injusto com a vítima e deixaria incompleta a própria história de Kobe.