Deputado pede para que conduta de vereadores em protesto seja apurada em Dourados
6 de novembro de 2019O deputado estadual Neno Razuk (PTB), filho da prefeita Délia Razuk, encaminhou à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul o pedido de apuração da conduta dos vereadores Olavo Sul (Patriotas) e Daniela Hall (PSD), com encaminhamentos para o Governo do Estado e Câmara de Vereadores de Dourados.
O requerimento aponta possibilidade de quebra de decoro parlamentar, na participação do vereador Olavo Sul no manifesto de universitários indígenas contra a suspensão do transporte escolar, que resultou no bloqueio da MS-156. Na época, a barreira dos manifestantes só foi removida após o prefeito de Itaporã Marcos Pacco (PSDB) entrar em negociação com os estudantes.
Daniela Hall, que é incluída nesse mesmo requerimento, não esteve presente no manifesto.
Ontem (4/11), os dois vereadores utilizaram a tribuna da sessão ordinária para comentar o assunto. Horas antes a solenidade semanal, ambos receberam em seus gabinetes a notificação sobre o requerimento.
“Já pensou vereador perder o mandato porque foi a manifesto? Como é que fica nossa cara na cidade? Com tantas coisas, tantos desmandos, com tantas investigações e ninguém perdeu mandato. Já pensou agora se o vereador perde o mandato por ter ido a manifesto?”, afirmou Olavo, que classificou a ação de Neno como “retaliação e perseguição”.
Além disso, ele também foi comunicado de que a Procuradoria Geral do Município solicitou abertura de sindicância na Guarda Municipal, onde Olavo é estatutário, pelo mesmo fato. No entanto, segundo o parlamentar, na data do manifesto ele estaria de folga.
Daniela Hall, também alvo do requerimento do filho da prefeita, satirizou em tom de lamento, o que ela classifica como “tempo ocioso”.
“O deputado deve estar com muito tempo ocioso mesmo para ter tempo de se preocupar com picuinhas e acusar, sem qualquer fundamento, vereadores da cidade de Dourados”, disse.
Em seguida, no discurso na tribuna da Câmara, Daniela dispara uma série de fatos críticos enfrentados pelos douradenses no serviço público, acusando Neno de ser omisso.
“A quebra de decoro parlamentar é a omissão do deputado quando o poder executivo municipal deixa de cumprir dezenas de promessas de campanha. Quebra de decoro parlamentar é a omissão do deputado quando o executivo municipal deixa a cidade no escuro enquanto desvia recursos da COSIP. Quebra de decoro parlamentar é a omissão do deputado acerca dos quatro relatórios da CGU apontando superfaturamentos de contratos e desvios de dinheiro público”, apontou.
Daniela e Olavo integram a base de oposição da Câmara.
OUTRO LADO
Procurado pela reportagem do Dourados News, o deputado confirmou o encaminhamento do pedido de apuração, ressaltando que “o bloqueio de rodovias é crime”.
Ele afirma que a participação dos vereadores fere a conduta idônea do parlamentar, citando inclusive a morte de uma criança de 1 ano e 8 meses por impossibilidade de acesso da equipe de socorristas à reserva.
Sobre a alegação da vereadora Daniela, de não ter participado do ato no trecho da MS-156 que dá acesso à Itaporã, Neno afirmou que o requerimento não se limita apenas a esse manifesto.
Simultâneo ao dos estudantes indígenas, no outro extremo da rodovia populares bloquearam o acesso a bairros na região sul por investimentos na segurança do trânsito da via e na rua Coronel Ponciano.
Neste protesto Daniela esteve presente, inclusive segurando faixa com mensagem de cobrança ao poder público, com Olavo.
O QUE DIZ A PRESIDÊNCIA DA CÂMARA
Alan Guedes (DEM), presidente da Casa de Leis douradense, disse ao Dourados News que não teve acesso ao documento ainda, mas que irá fazer a análise do que de fato o deputado solicitou.
A partir disso, segundo ele, será possível prever algum trâmite.