Dourados esgota vagas da hemodiálise na rede pública
20 de março de 2019A cidade de Dourados esgotou as vagas de atendimento na hemodiálise deixando pacientes renais crônicos sem o serviço. De acordo com o Ministério Público Estadual, ao menos 13 pacientes que estavam no Hospital da Vida, não conseguiram ser inseridos no atendimento; seis deles já procuraram a Promotoria para formalizar denúncia. O promotor de Justiça da Defesa da Saúde, Etéocles Brito Mendonça Dias Júnior, disse que vai reforçar antiga recomendação para que a Prefeitura de Dourados habilite mais uma empresa para oferecer o serviço. A demanda, segundo ele, seria de no mínimo mais 90 vagas. Hoje o SUS atende 220 pacientes em Dourados, cerca de 130 na Cemed e 90 na UCM.
Outra alternativa, segundo o promotor , é pedir na Justiça a execução do acordo firmado com a Prefeitura para obrigá-la a cumprir o dever de oferecer o atendimento. De acordo com Etéocles, o município alega falta de vagas.
Medicamentos
De acordo com o presidente da Associação de Renais Crônicos de Dourados, Feliciano Paiva, o problema acontece com os novos pacientes que estão buscando vagas. Ele alertou ainda que medicamentos distribuídos em farmácias dos postos de Saúde de Dourados, que ajudam no tratamento dos renais também estão em falta e que pretende cobrar o município. Ele mesmo que é transplantado, não consegue ao menos quatro mendicamentos na rede básica há pelo menos 2 meses. “Importante ressaltar que o remédio específico para o renal crônico, distribuído pelo Estado está em dia. Apenas o da rede básica, que também trata outras enfermidades comuns e que também utilizamos, está em falta”, destacou. Entre eles está o Mononitrato de isossorbida, utilizado para tratar insuficiência cardíaca e o Furosemida, utilizado em casos de distúrbios hepáticos e renais.
“É um verdadeiro desrespeito com o paciente. Nós cumprimos nossa obrigação quando a gente paga os impostos, mas o poder público não cumpre a parte dele. É preciso garantir o acesso dos pacientes ao tratamento adequado, já que um dia sem um medicamento ou sem a diálise já é o suficiente para custar uma vida”, alerta.
Sem clínicas
O médico nefrologista Antonio Pedro Bittencourt, diretor da UCM, uma das empresas que prestam o serviço para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em Dourados, a falta de vagas é um problema que acontece em todo o país. Segundo ele, com o baixo repasse que o Ministério da Saúde tem feito às prestadoras de serviço é impossível fazer novos investimentos e muitas das clínicas estão fechando as portas. Segundo Antônio Pedro, há 15 anos não se reajusta a tabela do SUS para esse tipo de serviço, enquanto o custo para a manutenção está cada vez mais caro. Ele diz que a incidência para a doença renal é alta e que o número de transplantes no Estado é baixo, fatores que geram demanda na hemodiálise. “Infelizmente só há duas formas de sair da fila da diálise. Quando o paciente morre ou quando ele é transplantado”, lamenta. O médico disse que a secretaria de Saúde de Dourados tem buscado alternativas, como pedir apoio do ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta em recente visita que ele fez no município. A secretária de Saúde de Dourados Berenice de Oliveira Machado disse que a Prefeitura está se organizando para abrir mais vagas e alerta que o Estado precisa investir em transplantes.