Eles são mais fortes
27 de agosto de 2018Por Jackeline de Lara*
Eles são mais fortes fisicamente, desta forma, é para eles que devem ficar os trabalhos que exigem mais esforços físicos, dentro de casa.
Que a sociedade que vivemos é extremamente preconceituosa, isso todos sabemos, mas a forma como esse preconceito, muitas vezes mascarado se desenvolve, e nos paralisa frente às diversas oportunidades, que perdemos de sermos e fazermos tudo o que um dia não fizemos, por causa das limitações que nos são impostas, e nossa imaturidade e insegurança, essa forma interessante de agirem em relação à nós, é o que precisamos conhecer para também agirmos, mas em nosso favor.
No Brasil, a mulher que passa dos 25 anos de idade já é considerada velha, e há algumas regras, não se sabe ao certo por quem e quando, mas que a única prejudicada com elas, são as mulheres.
Mulher beber bebida alcóolica, só se for louca ou puta. Fumar então, que horror. Sair com shorts curtos, quer bancar a adolescente. Namorar homem mais novo, que horror. Trocar de namorados, o que para o homem é comum, é sinônimo de pegador, para a mulher é suicídio moral. Se separar, é coisa de mulher egoísta, insana, que só pensa em si. Após o casamento, ou no período de namoro, ter uma vida social com amigas/amigos, paralela ao casamento, é inadmissível, coisa de vagabunda que quer aprontar.
Nossa cultura liga à mulher, à uma sexualidade negativa, em tudo o que ela faz, em tudo o que ela é, como se fossemos animais irracionais, que respira sexo, e fomos feitas apenas para isso, levando muitas a se anularem como mulheres, vestindo uma capa de religiosas e mães, com roupas e postura de um objeto feito para rezar, e cuidar da limpeza da casa, higiene e alimentação dos filhos, e servas de seus maridos, com um sorriso no rosto, pois essa é a marca da mulher decente, honesta, e de família.
Normalmente os homens destas, mantêm outra, ou de tempos em tempos, se envolvem com outras, e quando descobertos, o que é raro, pois vivem tão envolvidas com tarefas “femininas”, que não sobra tempo para observar mais nada, então esses homens quando pegos, vão para a igreja, ou se profundam em tarefas religiosas, em mimá-las, e elas, que se orgulham de serem mártires, carregam orgulhosas a bandeira do sofrimento, como se fosse quase um troféu, até porque faz parte do currículo da mulher “sábia”, lutar em oração, calada, e o ato de perdoar, mesmo que o outro não tenha se arrependido de verdade, lhe promove a um patamar no meio em que convive, onde ela passa a ter um status alcançado apenas pelas iguais.
O problema não está no perdão, no perdoar, muito pelo contrário, o perdoar é prova de inteligência, de emocional curado, saudável, o problema está nessa postura doentia, que as mulheres incorporaram, de se mostrarem satisfeitas, obrigatoriamente, com uma situação tão miserável, de aceitarem serem reféns do outro, sem direitos de ir e vir, se relacionarem com quem desejam, de serem o que quiserem ser, sem que isso comprometa seu nome, seus filhos, e muitas vezes até mesmo sua vida profissional.
É necessário que a mulher tenha consciência de que não há problemas em ter como rotina o cuidar da casa, da família, ou optar por terceirizar a limpeza da casa, para se dedicar à vida profissional, ou realizando as duas funções, o problema está, quando ela o faz por causa de uma imposição externa, do sistema por exemplo.
Não somos obrigadas a nada, nossa única obrigação imutável, e intransferível, é a proteção aos nossos filhos, enquanto menores de idade, o que passa disso, é nossa liberdade sem limites, ao menos é o que deve ser.
Limpeza de casa, preparo de alimentos, lavar e passar, não é tarefa de mulher não, é tarefa de todos os que moram na residência, é inadmissível, a mulher abraçar essa função, essa responsabilidade sozinha, isso é abuso, é escravidão.
Homem ser carinhoso, respeitador com a esposa, não é caridade, mas obrigação, e parte da hombridade, é sim, fazer parte de todo processo de tarefas do lar, aliás, eles são mais fortes fisicamente, desta forma, é para eles que devem ficar os trabalhos que exigem mais esforços físicos, dentro de casa, e fora também.
Um artigo não é capaz de tratar de todos esses aspectos, relacionados aos direitos da mulher, nem cem artigos, mas é importante dar uma base, com palavras fáceis, para abranger mulheres de todos os níveis, visto que é em todas as escalas que ocorrem as violências, e a conscientização se faz necessária e de forma urgente, para uma libertação eficaz e menos demorada.
* Jackeline de Lara, graduada em Pedagogia, especialista em Educação Especial e em Educacão Infantil e Séries Iniciais, proprietária do Espaço Kids. Casada e mãe de duas lindas filhas.