Falta de enfermeiros no HV pode afetar atendimento a casos de coronavírus
13 de março de 2020A falta de profissionais de enfermagem no Hospital da Vida em Dourados, o 2° mais importante do Estado em atendimentos da rede pública, preocupa o Conselho Regional que regulamenta a profissão em Mato Grosso do Sul. Em nota divulgada ontem (12/3), o Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul) alertou os gestores municipais para a necessidade de suprir o déficit diante da iminente proliferação do novo coronavírus.
A nota destaca que atualmente, a unidade de Dourados possui 24 profissionais de enfermagem a menos do que o ideal. “Como órgão responsável por fiscalizar o exercício da Enfermagem, fiscalizamos as duas unidades citadas em 2019 e 2020. Notificamos oficialmente os gestores responsáveis sobre a necessidade de ampliar as equipes, além de reportarmos a falta de insumos indispensáveis para o atendimento e consequente sobrecarga de trabalho”, afirma.
O Coren-MS alerta que a falta dos agentes de saúde pode comprometer o combate efetivo da doença, uma vez que “a Enfermagem é a categoria profissional da Saúde que tem contato direto e diuturno com os pacientes, por isso, precisa receber maior reforço na equipe”.
Outra unidade que também é citada na nota é o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, oficializado referência no tratamento do Covid-19 (doença provocada pelo novo coronavírus). Lá o déficit calculado pelo Conselho é de 454 enfermeiros e técnicos de enfermagem.
O boletim mais recente da Secretaria Estadual de Saúde informa que são investigados 10 casos suspeitos da doença no Estado. Um deles em Dourados. Esses pacientes estiveram recentemente visitando países onde a doença já se alastrou, tais como Itália, Alemanha, Espanha, Portugal, Coreia do Sul, Inglaterra, Holanda e França.
De 33 notificações já registradas, 23 foram descartadas por não confirmar o diagnóstico para a doença.
O Dourados Agora tentou contato com a secretária municipal de Saúde Berenice Machado para saber quais medidas estão sendo adotadas após a atualização da Organização Mundial da Saúde, que classifica o coronavírus como uma pandemia. As ligações não foram atendidas.
“Requeremos dos gestores das unidades que forneçam todo o material de proteção e garantam condições mínimas de trabalho para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem sul-mato-grossenses que se colocarem na linha de frente do combate à pandemia”, finaliza a nota do Coren-MS.
VEJA A NOTA NA ÍNTEGRA:
*Pandemia com salto de casos confirmados no Brasil e no mundo, o novo coronavírus (Covid-19) tem alta probabilidade de chegar a Mato Grosso do Sul. Assim, manifestamos nossa preocupação com provável falta de profissionais da Enfermagem no estado para assistir pacientes infectados pela doença.
É evidente o déficit de enfermeiros e técnicos de enfermagem nos dois principais hospitais da rede pública de Saúde: o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, oficializado referência no tratamento do Covid-19, e o Hospital da Vida de Dourados.
Como órgão responsável por fiscalizar o exercício da Enfermagem, fiscalizamos as duas unidades citadas em 2019 e 2020. Notificamos oficialmente os gestores responsáveis sobre a necessidade de ampliar as equipes, além de reportarmos a falta de insumos indispensáveis para o atendimento e consequente sobrecarga de trabalho.
Somente no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, o déficit calculado por nós é de 454 enfermeiros e técnicos de enfermagem. No Hospital da Vida, atualmente faltam 24 enfermeiros – número menor, porém não menos preocupante, considerando a demanda existente. Ressaltamos que os cálculos realizados são feitos por profissionais capacitados e têm embasamento científico.
O déficit constitui ilegalidade ao ferir pontos da Lei do Exercício Profissional da Enfermagem (nº 7.498/86). Afronta também a garantia constitucional à Saúde como direito de todos e dever do Estado, quando compreendemos que a falta de profissionais disponíveis compromete a assistência ininterrupta e de qualidade que o paciente precisa receber.
Já tomamos todas as medidas que cabem a um Conselho Profissional. Ajuizamos Ação Civil Pública, iniciamos rito de interdição ética dos serviços da Enfermagem, colocamos o Ministério Público Estadual a par da situação e participamos de diversas reuniões a fim de resolver o problema. Até o momento, as soluções apresentadas pelos gestores não reverteram o déficit e não se converteram em melhorias significativas no atendimento em Enfermagem.
Agrava o quadro descrito o fato de Mato Grosso do Sul estar localizado na divisa com cinco estados brasileiros, sendo um deles São Paulo, que estima registrar 45 mil casos de Covid-19 nos próximos quatro meses somente em sua região metropolitana. Na linha internacional, o estado ainda é fronteira brasileira com Bolívia e Paraguai.
Reiteramos, portanto, com ainda mais ênfase a urgente necessidade de contratação de mais profissionais da Enfermagem para os dois importantes hospitais citados. Nos dirigimos em especial ao Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, que administra o hospital referência para tratamento do novo coronavírus.
Lembramos que a Enfermagem é a categoria profissional da Saúde que tem contato direto e diuturno com os pacientes, por isso, precisa receber maior reforço na equipe. Com a escassez de profissionais da área, o tratamento e a contenção de casos da doença podem ficar seriamente comprometidos.
Por último, requeremos dos gestores das unidades que forneçam todo o material de proteção e garantam condições mínimas de trabalho para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem sul-mato-grossenses que se colocarem na linha de frente do combate à pandemia.