Famílias em área pública têm energia cortada e protestam com fechamento de rua
17 de agosto de 2017Moradores de área ocupada desde 2013 no Parque do Lago protestam contra operação realizada pela concessionária Energisa que cortou na manhã desta quarta-feira (16) ligações clandestinas de energia de 100 casas. A principal rua do bairro foi fechada e as famílias prometem ampliar o bloqueio caso a religação não seja realizada.
Com o apoio da Polícia Militar, equipe da Energisa, responsável pela distribuição de energia elétrica em Dourados e na maioria das cidades do Estado, chegou bem cedo na região e iniciou a desligamento de energia. No entanto, no período da tarde, alguns dos moradores realizaram o religamento, embora os fios foram arrancados.
Conforme a Energia, o objetivo da operação foi o de garantir a segurança das famílias que vivem no local e proteger a rede de distribuição de energia que abastece os clientes regulares do município. Foram constatadas e retiradas 100 ligações irregulares. A área invadida existe desde 2013 e a distribuidora já chegou a realizar outras operações no local. Essas ligações consumiram em média 132MWh/ano, o que equivale a R$ 66 mil por ano, segundo a concessionária.
Em nota encaminhada ao Dourados Agora, a Energisa informou que “atua em todo o estado no combate a furtos de energia, uma obrigação regulatória determinada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). E que além de ser crime e gerar impacto nas tarifas de clientes regulares, as ligações clandestinas oferecem riscos à população já que podem ocasionar acidentes com choques elétricos, curtos-circuitos e incêndios, sobrecarregam e comprometem a confiabilidade da rede de distribuição de energia”, disse o comunicado.
Regularização
A ocupação da área pública, localizada às margens de uma mata de preservação, iniciou em 2013 quando simultaneamente ocorreu invasão de uma grande área próximo dali, de frente a Via Parque. Naquele mesmo ano a administração municipal realocou dezenas de famílias em uma área localizada na sitióca Campo Belo, imediações da Embrapa. Muitas pessoas acharam o local distante da região central. A partir daí iniciou a ocupação às margens da mata no Parque do Lago.
De lá para cá os moradores melhoraram suas casas e hoje todas são de alvenaria, sendo a maioria murada. Eles cobram regularização da área e consequentemente a instalação de postes de energia elétrica e de cavalete de água. Tanto a energia quanto a água são utilizadas de forma clandestina.
“Mas nós queremos pagar pela água, pela luz e também pela regularização de toda a área”, disse a moradora Thais Rodrigues. Ela reside em uma das 100 casas com energia cortada juntamente com o marido, um bebê de seis meses e o filho mais velho de 2 anos. “Arrancaram toda a fiação. Imagina como vamos ficar nesse frio com crianças”, criticou.
Joselina Rodrigues, que mora com o marido e um neto, critica a operação e diz que antes de ser realizada os moradores deveriam ser ouvidos. “Recebemos promessa de regularização e até agora nada foi feito. Como vamos ficar sem energia?”, indagou. Na companhia dos vizinhos ela diz que, se for necessário, o manifesto com fechamento da rua Vitório José Pederiva, uma das principais do Parque do Lago, continuará até o problema ser resolvido. Informou também não descartar o bloqueio de ruas de maior movimento nas imediações.