Há vida após uma separação?

Há vida após uma separação?

27 de fevereiro de 2018 0 Por meums
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Por Jackeline de Lara*

Tudo começa com um olhar de admiração, aquele frio no estômago, tremor nas mãos, uma palavra que eleva, aquela vontade de ficar eternamente ali, grudadinho no outro, com tantos assuntos que parecem não terem fim, e na verdade, a vontade é que não tenham mesmo. As horas juntos parecem voar, e quando estão longe, não passar, assim acontece com todos, sem exceção, com todos os apaixonados.

Os dias vão se passando, e cada descoberta é algo que encanta, até mesmo coisas que talvez desaprovasse, agora não parece ser tão mal assim, as diferenças parecem não existir, e se existem há sempre o lado bom, na verdade parece não existir lado. A adrenalina ferve, a ansiedade misturada à sensação de estar vivendo um sonho é constantemente intensa.

Vêm as fases, namoro, noivado, casamento ou apenas se pula do namoro para o morar juntos, nada disso tem importância, já que o que importa ali, é estarem juntos, até que a morte os separe, pois para quem um casal que se ama de verdade, somente a morte poderia separar seus corpos, eternamente.

Ao começarem a viver juntos, dividir não apenas as alegrias, o fogo da paixão ameniza, e parece então que a visão fica mais seletiva, é quando coisas extremamente importantes para eles, já não necessitam de tanta importância, e o que não era problema, agora faz com que alterem a voz, causam irritabilidades em vários níveis, e o prazer em estar juntos pela simples fato de estar, agora os assuntos são mais cobranças, críticas “construtivas”, observações sobre o outro, do que elogios, que na verdade, com o passar dos dias se tornam cada vez mais raros.

O distanciamento é inevitável, ao menos em alguns dias da semana, e até semanas de um mês, ou mais. Todo vazio precisa ser automaticamente preenchido, e com os passar do tempo, os vazios, ficam mais profundos, e duradouros, levando o casal à inevitável separação, até mesmo quando conquistaram longos anos de matrimônio. Não há receita para lidar com a situação, em todos os casos a dor é tremenda, percas materiais, e uma dor intensa, que leva alguns a enfermidade emocional e até física. Quando tem filhos envolvidos é tudo muito mais complexo, mas não será neste texto que falarei sobre isso.

Dizem que uma separação amigável é a melhor saída quando já não é possível viverem juntos sob o mesmo teto, mas nunca vi uma separação amigável acontecer, não totalmente, já que quando não são os dois, ao menos um não está satisfeito com o desenrolar de todo o processo, e ocorre a busca de alguma forma demonstrar o descontentamento.

Para os dois é muito difícil, mas me atrevo a dizer que para ela é muito mais, principalmente quando ela se vê em uma situação em que a separação é a única saída, e ela é quem toma a iniciativa. De qualquer forma,  as cobranças sobre ela são indiscutivelmente maiores, não é fácil a vida para uma mulher, mas para uma mulher solteira, com filhos é indescritível, é um desafio onde elas têm que provar a todo tempo a força que precisam e têm.

Não bastando a dor da separação, vem a fase do distanciamento dos amigos, em especial, das amigas, que agora a olham como uma possível rival. É nessa hora que a mulher, precisa se conscientizar, que amigos muitas vezes não existem, e se ela tem algum, é uma felizarda, normalmente os amigos que uma vida inteira frequentaram sua casa, não são dela, mas do companheiro, mesmo sendo ela quem os servia em todas as festas, churrascos, encontros.

Ela se vê sozinha, em meio a um turbilhão de dificuldades, família, parentes, colegas, amigos, igreja, é onde algumas se deprimem, adoecem, e há as que tiram a própria vida. A separação para muitas, é também a morte da alegria, da paz, da segurança, dos sonhos, é inacreditável, mas muitas se portam como se não houvesse vida após um divórcio. É quando precisam descobrir que não é verdade, através de profissionais da área como psicólogos, grupos de apoio, e o mais importante, verdadeiros amigos.

Nós mulheres precisamos apoiar nossas irmãs mulheres, que se separam, ou são abandonadas por seus companheiros, apoiar não significa ser contra ou a favor das decisões delas, mas jogar fora todo preconceito, nosso ombro, nosso café, enquanto às ouvimos com um olhar amoroso, e um abraço forte, pois é de apenas isso que elas precisam, enquanto vivem o luto de um relacionamento que não deu certo, até porque não sabemos o que o futuro nos guarda, e nem mesmo para nossas filhas.

* Jackeline de Lara, graduada em Pedagogia, especialista em Educação Especial e em  Educacão Infantil e Séries Iniciais, proprietária do Espaço Kids. Casada e mãe de duas lindas meninas.


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