Idenor diz que nunca se encontrou com empresário e nega cobrança de propina
23 de abril de 2019Acusado de chefiar o esquema de corrupção desmontado na Operação Cifra Negra, em dezembro do ano passado, o vereador Idenor Machado (PSDB), que presidiu a Câmara por seis anos (2011 a 2016), prestou depoimento quinta-feira (18) em Dourados.
O depoimento dele à Comissão Processante que apura quebra de decoro, não tinha sido divulgado e só ontem foi informado por Felipe Cazuo Azuma, um dos advogados que atuam na defesa do vereador tucano.
Segundo o advogado, a Comissão Processante aproveitou a data em que seria ouvido empresário campo-grandense Denis da Maia – arrolado como testemunha de defesa – para colher o depoimento de Idenor. Também denunciado no mesmo esquema, Denis da Maia pediu para ser dispensado do depoimento.
Outra arrolada como testemunha que também se negou a depor a favor de Idenor foi a ex-presidente da Câmara Daniela Hall (PSD). Ela afirma que a insistência em seu depoimento seria uma estratégia para impedi-la de votar o pedido de cassação dele em plenário. A defesa abriu mão do depoimento de Daniela.
“Idenor disse à comissão que assumiu a Câmara com um dos contratos [com as empresas acusadas de pagar propina a vereadores e servidores] já em andamento e não tinha condições de saber se a empresa tinha ou não alguma coisa errada. Ele não tinha ciência do que tinha acontecido com a empresa alvo de operação anteriormente. Ele se sente isento de qualquer responsabilidade”, afirmou Felipe Azuma.
Segundo o advogado, Idenor Machado afirmou ser isento de qualquer responsabilidade sobre suposto conluio entre as empresas que disputavam as licitações da Câmara. “Ele nunca teve contato com o empresário e nunca fez qualquer pedido para beneficiar quem quer que fosse”.
O Ministério Público aponta Idenor Machado como o chefe do esquema de corrupção envolvendo empresas de tecnologia, supostamente contratadas a preços superfaturados em troca de propina.
Segundo a denúncia, os pagamentos eram feitos em espécie por Denis da Maia diretamente a Idenor ou a seus emissários, um deles Pastor Cirilo Ramão. Pedro Pepa, conforme a denúncia, era o subchefe do esquema.
Últimos depoimentos
Ontem terminou a fase de depoimentos nas comissões processantes abertas em fevereiro contra os quatro vereadores acusados de quebra de decoro.
As últimas quatro testemunhas, arroladas pela vereadora Denize Portolann (PR), foram ouvidas de manhã no Plenarinho da Câmara. O prazo para entrega dos relatórios finais termina no dia 19 de maio. Em seguida os documentos serão votados em plenário.
Presa no dia 31 de outubro do ano passado na Operação Pregão, Denize passou quase cinco meses na cadeia, acusada de participar de esquema de corrupção no setor de licitação da prefeitura.
Dos quatro vereadores afastados e em processo de cassação – os outros são Idenor Machado, Pastor Cirilo Ramão (MDB) e Pedro Pepa (DEM) – apenas Denize não é acusada de crimes supostamente cometidos no exercício do mandato.
Na época das irregularidades, segundo o MP, Denize era secretária municipal de Educação (ocupou o cargo de fevereiro de 2017 a janeiro de 2018). Ela só assumiu na Câmara em setembro de 2018, após a Justiça determinar a extinção do mandato de Braz Melo (PSC).
A vereadora está afastada do mandato por ordem judicial, assim como os outros três acusados. Ela prestou depoimento na semana passada, mas o teor não foi divulgado.