Inflação baixa: como a população se beneficia com preços menores
17 de agosto de 2017A inflação reduzida refletem de forma significativa na vida econômica do brasileiro. Os preços mais baixos, sem oscilações importantes, representam maior previsibilidade para as famílias, empresas e até para o equilíbrio do País.
Quando se tem altas constantes de preços, por exemplo, o consumidor evita juntar dinheiro, e toda a sua renda é convertida em bens.
“Previsibilidade é uma coisa fundamental para qualquer pessoa. Imagina você receber o salário pela manhã e no fim do dia ter pedido poder de compra? Isso era normal no período de hiperinflação”, explica Alexandre Cabral, professor do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto Administração (FIA).
Até meados dos anos 1990, inflação era uma palavra mais presente na vida do brasileiro, principalmente antes do Plano Real.
Somente depois da criação da atual moeda brasileira, o País pôde viver momentos de mais calmaria nos preços.
Antes do real, a vida das famílias tinha uma forte imprevisibilidade. Não era possível fazer planos de longo prazo porque era impossível saber quanto um carro, um saco de arroz ou um outro bem de consumo custaria no dia seguinte.
Quando um trabalhador recebia o salário, corria para o supermercado para fazer as compras do mês. O dinheiro perdia valor constantemente e era preciso trocá-lo ou deixar aplicado em investimentos para não ficar no prejuízo.
As empresas evitavam ter dinheiro em caixa e tinham receio de aplicar os recursos. Todo valor que entrava era convertido em mais insumos, caminhões e qualquer outro bem.
Sem essa capacidade de prever os preços no futuro, o País não tinha como construir uma poupança para financiar obras de infraestrutura ou qualquer outro investimento que pudesse aumentar a capacidade produtiva da economia.
“O fim da inflação alta é a maior distribuição de renda que pode existir. Não quer dizer que a pessoa vai ficar milionária, mas a pessoa passa a ter noção dos preços”, observa Cabral. “Fim da inflação é aumento indireto do salário, a renda não é mais corroída”, afirma.
O que é IPCA
Na prática, inflação é quanto o preço de um produto varia em um determinado período. Supondo que uma cenoura custasse R$ 2 em janeiro de 2010 e que em junho tivesse subido para R$ 2,10, a inflação da cenoura seria de 5% entre janeiro e junho.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é a inflação oficial do Brasil. Esse indicador, no entanto, não mede apenas a inflação da cenoura, mas a de todos os produtos que compõem a cesta de consumo do brasileiro.
Nessa conta, tudo é incluído: gasolina, lazer, transporte, taxas, alimentação, escola etc. Para chegar ao número final, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divide os produtos em grupos, e cada um deles tem um peso diferente, de acordo com o que o brasileiro consome mais.
Atualmente, a inflação está no menor nível em décadas. Em julho, o IPCA variou 0,24%. Com esse desempenho, o índice acumulado em 12 meses ficou em 2,71% – o menor nível desde fevereiro de 1999.
Com a queda da inflação, abre-se um caminho para a queda dos juros básicos (Selic), o que significa crédito mais barato para as famílias e para as empresas.
Ou seja, o País tem mais condições de aumentar o nível de consumo, de investimentos e de gerar emprego.
“A trajetória recente da inflação já abriu as portas para quedas mais ousadas nas taxas de juros. Isso será fundamental para o processo de regeneração das condições de consumo na segunda metade do ano”, explica Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Como controlar a inflação
No Brasil, para os preços não saírem de controle, foi criado um sistema de meta de inflação. Ele funciona assim: o Conselho Monetário Nacional (CMN) define um objetivo a ser perseguido pelo Banco Central. Em 2017, a meta é deixar o IPCA em 4,5%.
Essa meta, no entanto, permite uma margem para abrigar possíveis crises e choques de preço. Isso significa que, em situações excepcionais, o IPCA pode chegar a no máximo 6% e a no mínimo 3%.
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