Manifesto por salário tem confusão entre servidora e estagiários; Prefeitura prometeu pagamento até sexta
22 de agosto de 2019O protesto realizado por estagiários no CAM (Centro Administrativo Municipal) teve princípio de confusão entre uma servidora lotada no gabinete da prefeita Délia Razuk (sem partido) e manifestantes. Ela, que acompanhava a mobilização da entrada do setor, desceu a escadaria do prédio público para discutir com uma estagiária e a situação acabou gerando tumulto.
O Dourados News estava no local e acompanhou a situação. A servidora teria sido questionada pela estudante sobre o pagamento em dia do salário, em detrimento ao dos estagiários que ainda não caiu na conta.
A mulher então desceu a escadaria, se dirigiu até a estagiária e ambas discutiram. A situação mobilizou demais manifestantes, que acusavam a servidora de repressão.
Enquanto isso acontecia, o secretário de Educação Upiran Gonçalves tentava esclarecer os questionamentos dos estudantes, no entanto as atenções se voltaram para o tumulto.
A situação se acalmou somente após colegas do gabinete retirarem a servidora do local, que afirmava estar “apenas querendo conversar com ela”.
O MANIFESTO
A mobilização dos estagiários teve início às 8h. Eles entraram no CAM entoando palavras de ordem que diziam: “dona Délia, cadê você? Eu vim aqui para receber”. Em seguida eles se posicionaram em frente ao gabinete e continuaram os discursos de manifestação.
A situação fez com que outros servidores, de várias pastas, deixassem seus postos para acompanhar o protesto. Isso provocou indignação dos estagiários, que acabaram vaiando os curiosos.
O vereador Elias Ishy (PT) esteve no local e intermediou o acesso da comissão de organização do manifesto com a prefeita Délia, o que não foi cedido. Em seguida o secretário de Educação chegou ao local e esclareceu alguns dos questionamentos apresentados.
Sobre o pagamento, ele garantiu que a prefeitura “não está medindo esforços para que até sexta seja resolvido”. Conforme contrato de estágio, os estudantes podem receber entre o dia 10 e 20 do mês de referência, sendo assim tendo apenas 1 dia de atraso.
Isso também entrou na pauta da mobilização, que exigiu fixação de data para garantir maior segurança financeira.
Alguns estudantes ainda acusaram coordenações de escolas e Ceims (Centros de Educação Infantil Municipal) de anúncio de demissão por falta de apresentação do atestado de matrícula, renovada no início do segundo semestre.
“Nós tínhamos até hoje para entregar, se não vamos ser todos mandados embora. Mas, como vamos conseguir fazer a rematrícula se não temos dinheiro do salário para pagar”, questionou uma manifestante. Posteriormente, em reunião reservada com a comissão de organização, Upiran garantiu que isso não ocorrerá já que não houve o recebimento da remuneração.
Ele ainda contou que dentro da proposta de contingenciamento da secretaria de Fazenda, havia indicativo de demissão de 50% dos estagiários lotados na educação. Ao Dourados News ele garantiu que isso não ocorrerá e acrescentou que “a prefeita Délia e o secretário de Fazenda [Paulo César Nogueira Jr.] sabem bem que se tratando da educação não sai ninguém”.
A acadêmica do 4° semestre de educação física pela Unigran, Gilmara Vidal, contou à reportagem que além do salário em dia os estagiários querem revisão do contrato, fixando data para o pagamento. “Eu tive que fazer promissória na faculdade para poder continuar indo para a aula e ter como garantir os trabalhos avaliativos”, relatou.
Ainda, eles pedem por flexibilidade de falta justificada. “Se a gente fica doente, ou vai trabalhar ‘morrendo’ ou vai ter a falta descontada. Eles sugerem que a gente pague um substituto para repor a ausência, o que costuma custar R$ 30, sendo que a nossa diária é R$18”, disse outra manifestante.
Sobre isso Upiran também se comprometeu a exigir que as coordenações das unidades de ensino mudem essa realidade, permitindo ausência justificada sem prejuízo nos recebimentos.
Após a reunião da comissão com o gestor da educação, o grupo dividiu opiniões sobre a continuidade do movimento de paralisação.
A maioria queria manter a inatividade do trabalho até sexta-feira, quando deve ser pago o salário em atraso, no entanto a preocupação era com a baixa adesão diante dos demais estudantes que não compareceram ao manifesto de hoje.
Eles então decidiram mobilizar os estagiários faltosos e buscar apoio das unidades de ensino e dos pais dos alunos para manter a paralisação até que os provimentos sejam regularizados.