MP vai à Justiça para realização de exames de videolaringoscopia em Dourados
21 de agosto de 2019Após não ter atendida recomendação para implementação do exame de videolaringoscopia na rede pública de saúde de Dourados, o Ministério Público Estadual ingressou com Ação Civil na Justiça, com tutela provisória de urgência em caráter incidental, para que a gestão Délia Razuk (sem partido) e o Governo do Estado, sejam obrigados a fornecer o procedimento de análise.
Importante para diagnósticos na região da cavidade oral, orofaringe, hipofaringe e laringe, o exame de videolaringoscopia é inserido na tabela SUS, no entanto, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, não é realizado em Dourados devido a indisposição de profissionais para realização, devido ao baixo valor aplicado no serviço público.
Segundo o MPE, no ano passado uma denúncia chegou ao órgão relatando que uma paciente de 60 anos foi diagnosticada com afonia (CID R91) e possuía muita dificuldade de fala. Ela consultou uma médica na Atenção Básica, que pediu a realização do exame, contudo, recebeu a informação de que não poderia ser realizado devido a ausência de prestador no município, não recebendo qualquer solução alternativa.
A paciente voltou a ser procurada pela 10ª Promotoria de Justiça, que informou ausência de resolução do fato, além de apresentar piora no quadro de saúde e progressiva perda da voz. A secretaria foi novamente consultada sobre a viabilidade do exame, sendo reforçada que não havia prestador à disposição do Município.
Assim, a promotoria então recomendou à Prefeitura de Dourados e ao Governo do Estado que adotassem todas as medidas necessárias para resolução do problema no prazo de 40 dias, o que não aconteceu.
Em nota, o MPE informa que requereu “em sede de Tutela de Urgência de Caráter Incidental, que o Município de Dourados e o Estado sejam condenados à obrigação de fazer, para que instituam e disponibilizem, no prazo de 30 dias, a quantia de exames do tipo videolaringoscopia na rede pública de saúde da macrorregião em número suficiente e condizente com a demanda respectiva, qual seja, de pelo menos 40 exames por mês, de modo a respeitar as indicações médicas no tocante aos prazos, com o estabelecimento de critérios para preferência dos grupos de risco”.
Além disso, a promotoria ainda quer que as pastas adotem todas as providências, de ordem material e administrativa, “visando garantir tempo de espera máximo de 30 dias para todos os pacientes inseridos na fila do Sisreg (Sistema de Regulação), sob pena de multa diária no valor de R$ 10 mil por cada requisição de exame não atendida na cronologia adequada, de acordo com o art. 11 da Lei n. º 7.347/85, devendo a quantia ser revertida ao fundo previsto no art. 13 da Lei n. º 7.347/85”.
Até que se contrate os profissionais na rede pública, o MPE exige que o Município e o Estado paguem na rede privada os exames para os pacientes da macrorregião já registrados no sistema de regulação.
OUTRO LADO
O Dourados News buscou contato com a secretária municipal de saúde, Berenice Machado, porém as ligações não foram atendidas. A reportagem também tentou contato com Geraldo Resende, secretário estadual de saúde, que se comprometeu em retornar a ligação. Porém, até o fechamento desta matéria, o gestor não retornou às solicitações da redação.