O preço não será barato

Por Jackeline de Lara*

Em tempos de que depressão ainda é sinônimo de fraqueza, dizer o que não agrada é colecionar inimigos, educar um filho com autoridade é ser ditador, colocar limites nas amizades é ser chata, faltar no trabalho para cuidar de um filho doente (mesmo com atestado) é falta de profissionalismo, escrever o que pensa em redes sociais é ser louca, se separar (mesmo que tenha levado uma vida inteira de humilhações diversas) é não ter amor nos filhos. Nessa linha, seguem várias outras situações em que a mulher se vê, e é então, acometida por um sentimento que a paralisa e à torna prisioneira de situações, em que aprende a conviver, mesmo que lhe mate aos poucos.

Se impor não significa se sobrepor ao outro, significa se colocar em seu lugar devido, e seu lugar não é de mais ninguém, portanto, é justo, digno, e de direito. Nenhuma mulher deve se submeter, a ser tratada como objeto, nenhuma mulher deve aceitar, que o outro tenha posse sobre ela, mas deve exigir ser tratada com respeito, com gentileza, como um ser humano que é.

É tão comum, ainda nos dias de hoje, nos depararmos com homens que proíbem “suas” esposas de irem à algum lugar sem a presença dos mesmos, como se elas fossem suas servas. Há homens que chamam a atenção de “suas” mulheres, quando acham que a casa está desarrumada, ou por outro motivo qualquer, como se estivessem falando com uma escrava (como eram tratadas).

Alguns têm ciúmes dos próprios filhos, de artistas, amigas, amigos, e os piores são aqueles que têm ciúmes, inveja de tudo o que faz bem à mulher, até mesmo a própria alegria dela, é um insulto para eles.

Nunca se falou tanto em divórcio, acham que o demônio esteja solto, mas a verdade pura e simples, é que atualmente, a mulher tem buscado instrução, e aprendido que não é obrigada à conviver com a dor, com humilhações, e que pode sim, trabalhar, se sustentar, cuidar dos filhos, de si, até porque, fora você mesmo, quem zela por ti é Deus.

Uma relação saudável, onde o respeito mútuo existe, é o melhor lugar para se viver, podemos dizer que é o próprio paraíso, mas se você se sente usada, sabotada, desamparada, desprotegida, talvez o adeus seja a única atitude sóbria à se tomar. Se você se sente desvalorizada em sua vida profissional, mude a rota. Se for com uma amizade, rompa.

Não somos livres, deveríamos ser, mas a luta pela nossa liberdade começa em pequenos passos, atitudes, e infelizmente, o preço não será barato, você só precisa refletir, e saber se quer pagá-lo, e se a resposta for não, busque forças, não desista, se a resposta for sim, mesmo com toda turbulência que sua vida sofrerá, lá no fundo, você saberá em seu íntimo que fez a melhor escolha.

* Jackeline de Lara, graduada em Pedagogia, especialista em Educação Especial e em  Educacão Infantil e Séries Iniciais, proprietária do Espaço Kids. Casada e mãe de duas lindas filhas.