Reeleito com apoio de 12 siglas, Nunes tem quebra-cabeça pela frente para compor o novo secretariado
29 de outubro de 2024Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, o vice Ricardo de Mello Araújo (PL), ex-coronel da Polícia Militar, é cotado para a pasta da Segurança Pública
Ricardo Nunes (MDB) pavimentou seu caminho para a reeleição com a ajuda de 12 partidos, além do Novo e do PSDB que declararam apoio no segundo turno, e agora precisará fazer um verdadeiro quebra-cabeça para encaixar indicações das siglas em seu novo governo. Ontem, o emedebista disse que só decidirá o novo secretariado em dezembro. Adiantou, entretanto, que a composição não deve mudar drasticamente.
Nunes herdou o mandato de Bruno Covas (PSDB), morto em maio de 2021, e ao longo dos três anos e sete meses que passou no poder nomeou diversos secretários e subprefeitos, mas tentou não mexer completamente na estrutura porque queria manter um “governo de continuidade”. Com isso, também deixou boa parte de seu mandato a cargo dos tucanos. Agora, aliados afirmam que ele poderá, enfim, decidir do zero como será seu secretariado — e com o enfraquecimento do PSDB, que só apoiou o candidato no segundo turno, os tucanos perderão espaço no governo.
Negociações em curso
O prefeito pretende manter a estrutura de 33 secretarias. Oficialmente, as siglas e os integrantes do governo dizem que não houve negociação sobre cargos em troca de apoio, mas dias antes do pleito já havia conversas sobre algumas pastas que poderiam ser destinadas a determinados partidos.
As secretarias com maior orçamento devem ficar para partidos que têm mais força tanto na capital quanto no Brasil como um todo. Já o núcleo mais próximo do prefeito, como Casa Civil, Secretaria de Governo e a empresa pública SP Obras, responsável por gerir contratos bilionários de infraestrutura na cidade, devem ser escolhas diretas de Nunes, com preferência para o seu partido, o MDB. Partidos nanicos podem ficar com indicações menores, em subprefeituras.
Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, o vice Ricardo de Mello Araújo (PL) , ex-coronel da Polícia Militar, é cotado para a Secretaria de Segurança Pública. Seu partido pleiteia ainda a pasta da Educação, a com mais recursos do município, com um total de R$ 27 bilhões previsto para o ano que vem, de acordo com o projeto orçamentário em tramitação na Câmara Municipal.
O PSD deve pleitear Saúde, Educação ou a Secretaria das Subprefeituras. Segundo o projeto de lei orçamentária em tramitação na Câmara Municipal, devem ser destinados para a Saúde em 2025 um total de R$ 22,8 bilhões, e a pasta das Subprefeituras chegará a R$ 1,6 bilhão. Apesar do número baixo de vereadores que o partido elegeu (apenas três) na capital, o tamanho da sigla nacionalmente e o fato de ser liderado por Gilberto Kassab, que foi muito ativo na campanha sobretudo na interlocução com empresários, devem pesar nesse xadrez.
Feudos partidários
O União Brasil, por sua vez, deve tentar comandar a Secretaria de Mobilidade e Trânsito, responsável pela SPTrans, que cuida do sistema de ônibus da capital. O presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, sempre teve forte influência nessa área, e o atual secretário da pasta, Celso Gonçalves Barbosa, tem proximidade com ele. Leite nega qualquer negociação por cargos.
Integrantes da cúpula do Republicanos em São Paulo querem manter a Secretaria de Habitação. Eles acreditam que, pelo protagonismo do governador Tarcísio de Freitas, filiado à sigla, nas eleições, o prefeito ainda pode conceder uma pasta a mais como forma de “gratidão”, apesar de a legenda só ter eleito dois vereadores.
— Deixamos de lançar um candidato a prefeito, não aceitamos ser vice do Marçal. Entregamos muitos projetos na Secretaria de Habitação. Por isso, nós como partido entendemos que vai ser um gesto do prefeito nos manter na secretaria — diz o presidente municipal do Republicanos, vereador André Santos.
O PP não tem secretaria na prefeitura hoje e quer ganhar uma. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional da legenda, esteve em São Paulo, em reuniões com Nunes, nos últimos dias.
Já o Solidariedade, que atualmente tem sob sua influência a Fundação Paulistana de Educação e Tecnologia, espera que o mesmo nível seja mantido. O deputado federal Paulinho da Força, líder da legenda, foi presença constante na campanha de Nunes.
Fonte: O Globo