Sem data para soltura, Campo Grande terá fábrica de mosquito “antidengue”
24 de julho de 2019Início ainda este ano foi descartado pela representante da Fiocruz em Mato Grosso do Sul
O escritório técnico da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em Mato Grosso do Sul prepara projeto executivo para construção de “fábrica de mosquitos”. A unidade servirá ao projeto de soltura do Aedes aegypti – transmissor da dengue, zika vírus, febre chikungunya e febre amarela – infectados com a bactéria Wolbachia pipentis, em técnica que pretende inibir a transmissão das doenças.
A responsável pelo escritório estadual, Jislaine de Fátima Guilhermino, explica que a fábrica precisa ser construída para dar início à inoculação da bactéria nos vetores capturados. “Ainda não há um projeto executivo da obra. Estamos ainda definindo um local para construção. Isso é em um segundo momento”, disse, durante a 71ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), no campus da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande.
“Em um primeiro momento, a gente precisa fazer um trabalho de sensibilização dos profissionais da saúde, dos agentes de vigilância epidemiológica e da população. Esclarecer todas as questões relacionadas à tecnologia de inoculação da bactéria, tranquilizar as pessoas com relação a questão de que é uma bactéria que existe na natureza e que não é prejudicial à saúde humana”, complementa.
A Fiocruz já opera fábrica de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia no Rio de Janeiro. A estrutura tem capacidade de produção semanal de 10 milhões de ovos do mosquito com a bactéria. O projeto piloto de soltura dos mosquitos modificados começou em Niterói (RJ), no fim de 2016.
De acordo com Jislaine, não há data para iniciar a soltura em Campo Grande. O início ainda este ano foi descartado pela representante da Fiocruz no Estado.
Recentemente, a CCEV (Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais), subordinada à Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) confirmou que as Moreninhas, na região sul da Capital, deve ser uma das primeiras a receber os mosquitos inoculados com a bactéria antidengue.
Além de Campo Grande, Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE) também receberão Aedes modificados nesta fase do projeto.
Dengue – Segundo dados do último boletim epidemiológico da dengue divulgado pelo Serviço de Vigilância Epidemiológica da Sesau, no dia 3 de julho, o número de notificações da doença em junho caiu 70% em comparação com maio, em Campo Grande.
Conforme o boletim, junho registrou 2.042 notificações, o menor número do ano. Em maio, foram registrados 6.930 casos notificados de dengue, uma redução de 70%. Além disso, nos dois últimos meses, segundo o boletim, em maio e junho, nenhuma confirmação, caso grave e óbito foram detectados na Capital.