Suicídio silencioso, por Fátima Frota
14 de setembro de 2017“Cada um é cada um”, já diziam meus pais. De fato, ninguém é igual a ninguém, pode ser parecido fisicamente, mas psicologicamente, não. Ao nascer cada qual traz consigo o seu histórico cultural adquirido em outras existências e o meio em que está inserido vai possibilitando novas aprendizagens. Nesta escola da vida é fundamental ter comportamento de aprendiz e entender que os hábitos e atitudes podem ser modificados. Começar a deixar de lado “as muletas” é um princípio de liberdade que precisa ser almejado para aprender a caminhar com as próprias pernas. O tabagismo tem sido o apoio ilusório para muitas pessoas!
Buscar as causas para compreender o vício instalado é como buscar agulha em palheiro. No livro, “Conflitos existenciais”, o espírito de Joanna de Angelis destaca que uma das causas do tabagismo é de natureza subjetiva, porque incita no emocional da pessoa variado elenco de manifestações, como a timidez e o medo, o complexo de inferioridade e insegurança, a baixa estima pessoal e a ansiedade, resultantes de processos anteriores da evolução destilando conteúdos psíquicos arcaicos e infantis do fumador.
A segunda causa, de acordo com Joanna é de natureza objetiva, social, externa, defluente da convivência com outros dependentes da nicotina que fingem haver adquirido a independência (dos pais, dos familiares, dos mestres), afirmando a personalidade, adentrando-se na sociedade dos adultos, igualmente viciados. (…) São os relacionamentos-espelho, onde os indivíduos refletem-se na conduta uns dos outros. O jovem ou mesmo o adulto, permite-se a iniciação, nem sempre agradável, logo parecendo capaz de afirmar-se perante os demais, já que não tem convicção das próprias possibilidades, tornando-se dependente do vício.
“O cigarro alivia a tensão, tira o nervosismo”, dizem alguns, mas agrega doenças que podem te levar antes da hora. É o suicídio silencioso, o autocídio. Vencer-se é a proposta para adquirir bem-estar e saúde. Allan Kardec no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 5, diz que “a calma e a resignação adquiridas na maneira de encarar a vida terrena, e a fé no futuro, dão ao espírito uma serenidade que é o melhor preservativo da loucura e do suicídio”.
“Tinha que morrer” declarou um amigo sobre a morte do colega fumante. Será? Quem disse isso? A espiritualidade informa através de várias obras psicografadas que muitos desencarnam como suicidas. Teriam que viver mais anos aqui na Terra e foram antes do tempo com câncer nos pulmões, problemas no coração, enfim, doenças ocasionadas a partir do uso contínuo da nicotina e outras centenas de substâncias contidas no tabaco, gerando, também, transtorno de emoção.
O dependente é um ser real constituído de corpo, mente e espírito. Para que o tratamento ocorra, a abordagem psicológica deve ter uma visão holística do ser, tratando de seu corpo (físico e perispirítico), de sua mente (consciente, inconsciente e subconsciente), e de seu espírito imortal que traz consigo uma bagagem de experiências anteriores à presente existência e está caminhando para a perfeição divina.
A pessoa que deseja deixar o vício precisa mudar o comportamento. Segundo a autora é necessário uma mudança para ser um ex-fumante e não alguém que deixou de fumar. O indivíduo precisa possuir uma clara percepção da sua ansiedade, aprendendo a superá-la, vencendo-a sem o uso do tabaco. Joanna propõe várias etapas para que a pessoa se adapte, dentre elas é manter o desejo real e pensar firmemente em ter uma existência saudável. Outro fator colaborativo é que a aplicação do tempo e de energia nessa mudança deverá ser durável, ou seja, não permitir recidivas experimentais, nenhuma vez, pois o vício poderá ser reiniciado.
A ajuda vem de todos os lados e a presença psicoterapêutica de um especialista para acompanhar o procedimento que irá restituir a saúde e a paz, torna-se fator essencial para o êxito que se deseja conseguir.
Ajuda-te que o céu te ajudará, disse o mestre dos mestres. Buscai e achareis. Bater à porta e ela se abrirá.
Autora: Fátima Frota – pedagoga
Dourados Agora