Trabalho de fiscalização do vazio sanitário da soja em MS se consolida
5 de outubro de 2017Número de autuações teve um pequeno aumento de 6% em relação a 2016
Com o fechamento do relatório das atividades da equipe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) que trabalhou na fiscalização do período de vazio sanitário da soja em Mato Grosso do Sul, se consolida a afirmação feita ainda na campanha do vazio de 2016, pelo Presidente da Associação de Produtores de Sementes do Estado, Carmélio Romano Ross, que admitia a assimilação do produtor para a importância do período de proibição do plantio da leguminosa.
Resultado de um trabalho intenso das equipes que, antes de autuarem transferiram aos produtores conhecimento sobre a importância da medida que é prática indispensável para o combate à ferrugem asiática – um dos principais problemas da sojicultora no País – os números do relatório deixaram clara a conscientização por parte destes, com a ampliação dos cadastros de áreas de cultivo da soja no Estado.
Em 73 municípios produtores do Estado, 26 equipes da agência fiscalizaram 1,92 milhão de hectares, o que significa um aumento de 7% em relação ao ano anterior, 2016, quando foram fiscalizados 1,8 milhão de hectares.
Já o número de autuações teve um pequeno aumento, 6% em relação a 2016 – quando foram autuados 135 produtores – fechando em 143 autuações, sendo 102 por falta de cadastro e 40 por descumprimento do vazio e 01 por plantio durante o período do vazio.
Segundo Filipe Portocarrero, Chefe da Divisão, o aumento do número de autuações por descumprimento do vazio pode ser resultado de duas situações. A primeira, a fiscalização mais eficiente, e a segunda, problemas relacionados a rebrota observada pontualmente, que podem ter sido motivadas por alguma dificuldade em eliminar totalmente as plantas voluntárias ou em alguns casos por descuido dos produtores.
Safra 2017/2018
O período estabelecido para a semeadura da soja em Mato Grosso do Sul, que teve inicio no dia 16 de setembro, vai até o dia 31 de dezembro, e o cadastro dessas áreas, que é obrigatório, deve ser feito no site da Iagro até o dia 10 de janeiro de 2018.
Estão cadastrados, até o momento, pouco mais de 279 mil hectares, número que segundo Filipe, está bem aquém da área prevista para ser cultivada com soja, cuja estimativa é superior a de 2016, passando dos 2,6 milhões de hectares este ano.
O descumprimento dessa determinação, de acordo com a Lei, pode implicar em autuação da Iagro e multa de 100 Uferms (Unidade Fiscal Estadual de Referência de Mato Grosso do Sul) que teve seu valor estabelecido para os meses de setembro a outubro em R$ 23,93.
Quando realiza o cadastro, após digitar o número da Inscrição Estadual do produtor e o CPF (ou CNPJ), é fornecido pelo sistema um número de recibo ATUAL. Com este numero o produtor, além de fazer consultas, também poderá registrar casos de ferrugem asiática da soja, ocorridos em sua propriedade.
O produtor com mais de uma área de plantio deve fazer um cadastro para cada uma delas, a partir dos quais serão gerados recibos independentes (caso não sejam na mesma propriedade).
Os cadastros mantidos no banco de dados da Iagro servem de base para identificar o total de área plantada com soja no Estado, prevenir os agricultores vizinhos quando houver foco da ferrugem por meio de um alerta sanitário, além de facilitar as fiscalizações realizadas nas atividades de defesa vegetal.
Vazio
Para prevenir, controlar e auxiliar na erradicação da doença – que é provocada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi – durante o vazio sanitário, os produtores, além de não cultivarem o grão, devem eliminar a planta voluntária conhecida também como tiguera (plantas originárias dos grãos caídos no solo durante a colheita).
A estratégia tem como objetivo reduzir o inoculo do fungo durante a entressafra por meio da ausência do hospedeiro, atrasando o surgimento das primeiras ocorrências de ferrugem na safra, diminuindo a possibilidade de ocorrência da doença no período vegetativo e, consequentemente, podendo reduzir o número de aplicações de fungicidas.
Doença
Considerada uma das doenças mais severas que incidem na soja, a ferrugem asiática pode ocorrer em qualquer estágio fenológico da cultura. O principal dano ocasionado pela ferrugem é a desfolha precoce, que impede a completa formação dos grãos, com consequente redução da produtividade. Os primeiros sintomas da ferrugem se iniciam pelo terço inferior da planta e aparecem como minúsculas pontuações (no máximo 01 mm de diâmetro) mais escuras que o tecido sadio da folha, com coloração esverdeada a cinza-esverdeada.
A confirmação da ferrugem é feita pela constatação, no verso da folha, de saliências semelhantes a pequenas feridas ou bolhas, que correspondem às estruturas de reprodução do fungo (urédias). Essa observação é facilitada com a utilização de uma lupa de 20 a 30 aumentos, ou sob um microscópio estereoscópico. Com o passar do tempo, as folhas infectadas pelo fungo tornam-se amarelas e caem.
Manejo
O monitoramento da lavoura desde o início do desenvolvimento da soja é muito importante para que o produtor possa iniciar o controle químico com fungicidas logo após o aparecimento dos primeiros sintomas ou preventivamente. O controle preventivo deve levar em conta os fatores necessários à ocorrência da ferrugem (presença do fungo na região, idade da planta e condição climática favorável), a logística de aplicação (disponibilidade de equipamentos e tamanho da propriedade), a presença de outras doenças e o custo do controle.
Dentro do manejo de doenças, é importante que se faça a rotação de fungicidas, alterando o princípio ativo aplicado a cada pulverização. Desta forma consegue-se preservar a eficiência por um número maior de safras, reduzindo o surgimento de resistência do fungo às moléculas e garantindo um manejo químico mais efetivo. Esta prática deve ser adotada por todos os produtores de soja para a manutenção do manejo sustentável da ferrugem da soja, com menor impacto financeiro e ambiental.
A decisão do momento da aplicação do fungicida é técnica e passa pela avaliação das condições climáticas, da presença do fungo na região, além de outros fatores. A escolha do produto tem relação com a forma de aplicação e o tamanho da lavoura. Por isso, é interessante que o produtor procure se informar junto a órgãos e entidades que compõem o Consórcio Antiferrugem.
Semagro