Violência emocional no relacionamento

Por Jackeline de Lara*

A violência emocional pode se manifestar de várias formas dentro de um relacionamento, desde as brincadeiras “inocentes” e de mau gosto, alfinetadas, chantagens, apelidos depreciativos, até os xingamentos mais grosseiros, normalmente utilizados com palavras torpes, normalmente exercidas pela parte da relação que deseja exercer o domínio.

Quando falamos, em violência, vem em mente a agressão física, que para alguns é menos traumatizante que a emocional. A agressão emocional, tortura, tira o viço, a alegria de viver, mata aos poucos e nem sempre é realizada propositalmente, algumas vezes, o agressor cresceu em um ambiente familiar de abusos, e não sabe que está abusando do outro, é como se fosse uma forma de viver, uma cultura, e na verdade é um crime.

Quantas meninas cheias de vida, alegres, meninos também, que ao iniciarem um namoro, logo se tornam apáticos, nervosos, sem expressão, alguns mudam tanto, que se tornam irreconhecíveis, inclusive para familiares, amigos mais próximos, e até para eles mesmos.

É muito comum observarmos mulheres que ao se casarem, começam a se acharem feias. Antes do matrimônio eram mulheres soltas, amavam seus corpos, a tonalidade de seus cabelos, usavam roupas mais justas, e/ou curtas, biquínis no clube, praia, com fotos diversas sem a menor preocupação, e agora evitam até um self com as amigas.

Tenho 42 anos de idade, tive uma infância e uma adolescência muito saudáveis, pais que protegiam, mas respeitavam minhas fases, sempre conversamos muito, e junto aos conselhos, me davam a liberdade na dose certa, me protegendo dos perigos, sem podar a liberdade que eu precisava ter em cada momento do meu viver, para um crescimento adequado na minha vida emocional. Vivi cercada de amigas e amigos, brincando na rua, depois frequentando baladas, e a segurança que me passaram sempre, fez e faz toda diferença nos momentos complicados que tive que atravessar, e é à educação que tive que credito tudo de maravilhoso que aconteceu em minha vida, nos momentos de dor. E quando encontro alguma amiga, que era cheia de vida, vaidosa, se amava, e hoje mesmo que com a mesma idade que eu, vejo a falta de cuidados básicos com ela mesma, e embora continue linda, mas sem se amar, sem brilho no olhar, sinto uma profunda tristeza, principalmente quando alguma, relata algumas situações que vive com seu companheiro.

Embora continuem lindas, vivem em um relacionamento abusivo, e como não há agressão física, não percebem o quanto são negligenciadas. Semana passada, estava tomando um café com uma amiga em uma doceria no centro da cidade,  e um homem sentado na mesa ao lado da nossa, de repente entra uma mulher linda, deveria ter uns 50 anos de idade, muito bonita mesmo, ela chegou beijou a face daquele homem que deveria ser seu esposo ou namorado, e antes mesmo que ela se arrumasse na cadeira, ele logo criticou “com doçura”: – amor você cortou o cabelo, você ficou velha, e essa maquiagem tá parecendo uma palhaça ! Foi visível o olhar de decepção daquela mulher, e aquela postura segura na qual ela chegou, desmoronou ali mesmo, percebemos que ela tomava o suco que pediu quieta e parecia que iria engasgar com cada gole, enquanto o grosseirão falava um assunto atrás do outro, sem perceber o mal que havia feito minutos antes, talvez por ser rotina isso na vida dele.

Na verdade ele estava eufórico, pois na mente doentia dele, ele conseguiu o queria, tirar o brilho dela, quando ela entrou radiante, segura, cheia de vida, ele sentiu a insegurança invadir o coração dele, e na ilusão de fazê-la se sentir feia, para que ela então se feche para o mundo, sendo apenas dele, no egoísmo de seus sentimentos doentios, ele a rebaixa, mal sabe ele, que ao destruir a autoestima dela, ele mata também o amor dela por ele, porém, a autoestima um dia ela recupera, alguém, ou alguma situação à ajudará nisso, mas o amor que ela um dia sentiu, esse ele não terá nunca mais.

Não aceite que ninguém grite com você, não admita que te manipulem que te traiam que te enganem, não aceite mentira como sendo algo normal não engula comentários que te entristecem, se revolte com o que te causa indignação, e dê a resposta na hora. Se perceber que o outro não muda, tire da sua vida.

* Jackeline de Lara, graduada em Pedagogia, especialista em Educação Especial e em  Educacão Infantil e Séries Iniciais, proprietária do Espaço Kids. Casada e mãe de duas lindas filhas.