Após seca severa, chuva deve recuperar pastagens no MS
18 de outubro de 2021Estiagem prolongada e geadas do inverno comprometeram o pasto, a principal fonte de alimentação dos animais; seca também afetou nascentes de água
A chegada do ciclo de chuvas do mês de outubro trouxe muito otimismo e expectativa para os produtores rurais de Mato Grosso do Sul. Somente nos últimos dias, o volume de chuvas ultrapassou os 150 milímetros em quase todas as regiões do Estado, encerrando uma estiagem prolongada que castigou a produção agropecuária. Além de comprometer a produção de milho safrinha e atrasar o início do plantio da soja, a seca severa também comprometeu a produção na pecuária, trazendo prejuízos aos criadores. A falta de água, aliada às geadas do inverno, afetou as pastagens, reduzindo de forma drástica a alimentação e nutrição dos animais. A falta de chuvas também teve impacto nas nascentes, que em muitas propriedades são a principal fonte de água para o rebanho. Alguns produtores relataram mortes de animais e prejuízos por conta da seca.
Segundo o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Jonatan Pereira Barbosa, embora tenha ocorrido com atraso, a chuva será importante para a recuperação das pastagens e também das nascentes, que servem como fonte de água para os animais. “A seca foi muito rigorosa, e a partir de agora esperamos que as chuvas se normalizem para haver um melhor equilíbrio na área rural”, afirmou o presidente ao O Progresso.
Segundo ele, a estiagem prolongada compromete as pastagens, afetando diretamente a nutrição dos animais. Para evitar perdas expressivas, o produtor precisa suplementar a alimentação do rebanho com ração à base de milho e farelo de soja – o que encarece a produção e, muitas vezes, torna-se inviável. “Hoje, o preço da ração é quase que proibitivo para o produtor. Por isso, precisamos das chuvas para regularizar o pasto e a alimentação dos animais”, acrescenta.
De acordo com a entidade, houve relatos de situação crítica em todo o Estado, até mesmo na região do Pantanal, em áreas tradicionalmente alagadas. “A seca foi muito intensa e, com isso, surge outro tormento que são as queimadas. Agora, nossa expectativa é muito positiva e esperamos que o ciclo de chuvas seja benéfico para a produção e também para o meio ambiente”, complementa.
Prejuízo e morte de animais O engenheiro agrônomo e pecuarista Antônio Amaral, que tem propriedade na região de Itaporã, conta que este foi o ano de maior dificuldade desde 1987, quando adquiriu a área. Nas últimas semanas, ele perdeu 15 cabeças de gado, em consequência de uma série de fatores, entre eles a seca severa e a ocorrência de onze geadas intensas e repetidas – o que comprometeu a pastagem. “O pasto rebrotou por três vezes e queimou com as geadas, e com isso o rebanho ficou sem ter o que comer. Usamos ração, cana e sais minerais proteinados e mesmo assim não foi suficiente”, relata.
Nos últimos dias, o volume de chuvas na região passou de 150mm, o que certamente será favorável para recuperar a nutrição dos animais. “Agora a pastagem vai responder, porém ainda vai pelo menos 30 dias para haver uma sobra de pasto. O gado está com uma fome reprimida e vai querer saciar essa fome”, avalia o produtor.
Avanço no plantio de soja Segundo o Sindicato Rural de Dourados, as chuvas ocorridas nas principais regiões produtores nos últimas dias também favorecem o plantio da soja, que ainda não havia sido semeada por falta de umidade no solo. O plantio começa a ser feito agora, um mês após o fim do vazio sanitário da soja. “A chuva foi muito positiva! Desde o feriado, as plantadeiras já estão nas lavouras para garantir a semeadura da soja e a partir de agora o plantio deve ser bem acelerado”, afirma o presidente da entidade, Ângelo Ximenes. O ruralista acredita que até a próxima semana, o Estado deverá ultrapassar os 50% de área plantada com soja.
Segundo números da Aprosoja-MS (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul), a previsão é plantar 3,777 milhões de hectares de soja no MS. Apesar do aumento na área, a produtividade deve ser menor em comparação ao ciclo passado, quando o Estado atingiu recorde na produção. A instabilidade do clima e a previsão de chuvas abaixo da média devem comprometer a produtividade, que foi reduzida em 10%, alcançando 56 sacas por hectare. Em Dourados, a previsão é plantar 225 mil hectares de soja na safra 2021/2022.
Fonte: Dourados Agora