Polícia faz ‘visitas’ constantes a locais tomados por usuários, mas faltam políticas públicas

Polícia faz ‘visitas’ constantes a locais tomados por usuários, mas faltam políticas públicas

12 de novembro de 2022 0 Por meums
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Desde o início da semana, o Dourados News tem abordado a situação dos usuários de drogas que circulam em alguns pontos específicos da maior e mais populosa cidade do interior do Estado em uma série de reportagens, que mostram desde a visão dos próprios usuários, até a parte psicológica.

Para dar continuidade, a reportagem também conversou sobre esse assunto com a Polícia Militar e a Guarda Municipal, que atuam na parte de segurança pública. Além de buscar informações, junto ao Executivo Municipal, sobre as ações desenvolvidas para amparar essas pessoas.

Comumente tratadas como “cracolândias”, o tenente-coronel da Polícia Militar, Helbert Souza, diz discordar do termo porque ele é usado em grandes centros onde há um maior acúmulo de usuários e, segundo ele, em Dourados, nesses aglomerados não ficam apenas dependentes químicos.

No município, dois pontos específicos chamam a atenção pelo aglomerado de pessoas, sendo a Via Parque, localizada no Bairro Cachoeirinha, e nas proximidades do Terminal de Transbordo, na Praça Antônio Alves Duarte.

“Denominar cracolândia seria assim uma coisa muito maior, uma junção maior de pessoas, o tráfico estar ali instalado e ali não tem. São pessoas que usam drogas e por ser um espaço público, acabam pernoitando e perambulando pela região”, reforçou o segundo-tenente da PM, Carlos Endres.

Segundo a PM, além dos usuários de drogas, nestes locais também ficam imigrantes que chegam ao município e não tem moradia, como o caso dos venezuelanos, e moradores de outros Estados, que saem da PED (Penitenciária Estadual de Dourados), e não tem onde ficar ou dinheiro para voltar ao seu local de origem.

Quanto ao papel da polícia nessa situação, Endres relata que “a Polícia Militar atua no intuito de coibir o uso e o tráfico e outros crimes que ocorreram devido ao uso de drogas, como furto, danos e importunação”, porém, como são crimes de menor potencial ofensivo, muitos infratores não ficam presos, são soltos e acabam retornando para esses locais.

A Guarda Municipal de Dourados também atua para a manutenção da ordem. Conforme o diretor-geral ajunto, José Rubens, “a gente trabalha no sentido do policiamento preventivo nos patrimônios públicos”, enfatizando que, dependendo do caso, encaminham para a delegacia ou para a Casa da Acolhida, quando não estão sob efeitos de drogas lícitas e ilícitas.

“As pessoas comparecem muito na prefeitura e na Secretaria de Assistência Social e às vezes na guarda, pedindo passagens para ir embora, quando conseguem, eles saem da cidade, mas enquanto isso ficam perambulando por aqui”, explica o diretor-adjunto.

Além disso, José Rubens relata que alguns chegam ao município sozinhos e outros com as famílias “chegam aqui e até procurar emprego, se adequar a vida da cidade, entram nessas questões, ficam aglomerados nos prédios públicos”.

De acordo com a PM, apesar do acúmulo de pessoas na região da ‘Praça do Transbordo’, só foram registradas cinco ocorrências em 2022, e seis nas imediações da Via Parque, envolvendo os crimes de ‘achado de coisa’ – moto recuperada; receptação; furto; e ameaça (violência doméstica). 

Caps

Em Dourados, usuários de drogas e os seus familiares podem procurar atendimento no Caps – AD (Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e outras Drogas), localizado na Rua Gustavo Adolfo Pavel, nº 2655 – Jardim Vital, das 7h às 17h, de segunda a sexta-feira.

O Caps é um dispositivo da saúde mental que acolhe e trata usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) e seus familiares com prejuízos decorrentes do uso abusivo e dependente de substâncias psicoativas. Não há a necessidade de encaminhamento.

No local são realizados atendimentos individuais e coletivos por profissionais médicos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais e terapeuta ocupacional, atendimento domiciliar, projetos terapêuticos singulares e articulação com outros serviços da rede de saúde.

Quanto a ampliação do atendimento, existe a prerrogativa de ampliação para a modalidade CAPS AD III, onde o serviço passará a funcionar 24h, todos os dias da semana, já prevista e em processos licitatórios para a adequação.

Conforme a pasta, caso necessário, há nove leitos de retaguarda de internação no HU/UFGD para a macrorregião. Já o atendimento de urgência/emergência em psiquiatria tem como referência a UPA (Unidade de Pronto Atendimento).

Conforme dados do Ministério da Saúde, de janeiro a agosto de 2022, o Caps realizou 3.973 atendimentos para a comunidade.

A reportagem do Dourados News entrou em contato com a Assistência Social para obter informações sobre as políticas públicas em relação a esse assunto, porém, não teve retorno até o fechamento desta matéria.

*Foto interna I: Tenente-coronel da PM, Helbert Souza.

Fonte: Dourados News

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